Em sua carreira política, o senador Luiz Henrique da Silveira defendeu alguns projetos pelos quais batalhou até o fim da vida. Embora tenha tido sucesso muitas vezes, não conseguiu dar avanço a alguns objetivos que seguem incompletos e terão que ser assumidos por seus pares pelos próximos anos.
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Luiz Henrique: comandante de uma era política
Pacto Federativo
Cenário atual
Uma das principais bandeiras de LHS era equilibrar os recursos públicos entre União, Estados e municípios. Hoje, o bolo da arrecadação fica em média 65% para o governo federal, 25% para as administrações estaduais e 10% para as prefeituras. Na campanha de 2010, ele defendeu uma divisão em três partes iguais, embora já quisesse a implantação dessas ideias, não necessariamente nessas mesmas proporções, desde a sua campanha para a reeleição, em 2006.
Próximos passos
Não obteve sucesso nas propostas como senador. As medidas foram derrubadas pelos outros parlamentares governistas e seguem paradas no Congresso. LHS não chegou a apresentar projeto com as divisões prometidas na campanha eleitoral, mas tentou, por emenda, ampliar para 30% a parte estadual no bolo da arrecadação e 20% para os municípios, em uma equação 50/50. É uma bandeira que agora segue sem um líder que a carregue.
Candidatura em 2018
Cenário atual
O espaço cedido ao governador Raimundo Colombo (PSD), em 2010, com o PMDB assumindo a posição de coadjuvante no comando do Estado, teria que ser pago daqui a três anos com a volta de um peemedebista para disputar o governo em 2018. A principal questão que segue no ar é qual seria a pessoa que encarnaria esse retorno. O próprio LHS defendia nomes, como Eduardo Pinho Moreira, Mauro Mariani ou Valdir Cobalchin. Dário Berger seria outra opção.
Próximos passos
Confidente da última conversa com o senador, Pinho Moreira é quem assume a bandeira de procurar um nome para a disputa do governo, mesmo que não seja ele o candidato na próxima eleição. O processo de candidatura própria era considerado "irreversível" por LHS. O senador teria até admitido a familiares, de acordo com uma fonte do PMDB que preferiu não se identificar, que poderia ser o nome a concorrer na disputa para o cargo de governador.
Pinho Moreira e Colombo
Cenário atual
LHS buscava a manutenção da atual aliança com o PSD e a reaproximação do PSDB, de olho nas eleições de 2018. Recomeçavam as costuras da tríplice aliança após uma conturbada semana em que Pinho disse ao colunista Moacir Pereira que "não manda nada nesse governo". No sábado à noite, menos de 24 horas antes de sua morte, o senador conversou com o vice-governador sobre os rumos dessa união para as próximas eleições. De acordo com fontes próximas ao peemedebista, ele teria ficado confiante de que teria conseguido um encaminhamento favorável para uma reaproximação.
Próximos passos
A missão que Luiz Henrique deixa mais em aberto, no papel de "última instância" da aliança que construiu na política catarinense, é essa de reatar os laços entre Colombo e Pinho Moreira. "Não tem mais uma figura que possa fazer esse papel", diz Derly Anunciação, amigo e ex-secretário do senador. A busca pelo acerto agora dependerá apenas de Colombo e Pinho, e de suas vontades políticas. Não há mais o articulador que conseguiu unir desafetos na mesma aliança. Apesar dos juramentos de amizade, em outros momentos, há chances de PMDB e PSD não chegarem juntos em 2018.
Presidência do Senado
O senador costurou sua campanha para a disputa pela presidência do Senado neste ano. Conseguiu o apoio da oposição e de alas dissidentes do PMDB para enfrentar Renan Calheiros. Acreditava ter chances, mas foi derrotado por 49 votos a 31. A entrada na eleição pela presidência do Senado foi ensaiada várias vezes desde 2010, quando se elegeu, até o início deste ano.
No início deste ano, LHS perdeu nas urnas, mas ganhou exposição e forças dentro da Casa. Deste ponto, há duas vertentes: uns dizem que seria candidato novamente, outros que seria a vez, dentro do PMDB, do senador cearense Eunício Oliveira. Para alguns amigos de LHS, seria um caminho natural, para outros, era seu sonho para encerrar a carreira política. Na cabeça de Luiz Henrique, talvez fosse as duas coisas.
Reforma eleitoral
Foi a área em que mais atuou. Com uma Proposta de Emenda à Constituição e dois Projetos de Lei, LHS queria proibir a divulgação de pesquisas eleitorais nos 15 dias que antecedem as eleições, que os candidatos a suplente de senador tivessem 30% do tempo da propaganda eleitoral do candidato ao Senado e também que a apresentação de propostas no horário eleitoral fossem ao vivo.
Nenhuma das três propostas de autoria do senador avançou. Todas estacionaram na Comissão de Constituição e Justiça. Como relator, defendeu outras propostas da reforma política, que também não avançaram. Assim como em outros momentos de crise, o Congresso deve discutir propostas da área nas próximas semanas, ainda a ver se irão se tornar medidas concretas, que não vieram em outros momentos.
Descentralização
A promessa eleitoral de descentralização acabou se concretizando na forma de 36 Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDR). As estruturas recém-criadas não tinham capacidade para absorver todas as funções, mas receberam, à época, autorização popular e LHS deixou o governo com 78% de aprovação, muito em parte pela SDRs terem se tornado referências mais próximas do Estado para a população do interior.
Politicamente, as SDRs foram um sucesso. Ajudaram a fortalecer lideranças locais. Na área administrativa, porém, as estruturas perderam protagonismo. Neste segundo mandato de Raimundo Colombo, as SDRs estão sendo enxugadas e vão perder, além de cargos, status. Devem se tornar Agências de Desenvolvimento e focar apenas em planejamento, após a reforma administrativa prometida pelo Estado.
Ponte Hercílio Luz
Foi o então governador Luiz Henrique que iniciou em 2005 a atual obra de restauração da Ponte Hercílio Luz. A reforma do principal cartão-postal de Santa Catarina teria duas etapas e se encerraria em 2010. O governador queria entregar a obra como o legado executor de seu mandato à frente do governo. Mas acabou passando o cargo para Raimundo Colombo com a obra ainda longe de terminar.
"Eu vi ele fazer essa confidência. Reclamava de Hercílio Luz ter conseguido construir a ponte em um mandato e ele não ter conseguido reformar em dois", conta o peemedebista Milton Martini, ex-secretário da administração no governo Colombo e ex-presidente da Casan. Atualmente, uma nova empresa faz a sustentação da estrutura para que outra construtora faça a reforma na parte superior.
Confira galeria de fotos da despedida de Luiz Henrique da Silveira: