
Os professores da rede pública estadual do Paraná fizeram nesta terça-feira uma nova manifestação no centro de Curitiba. Após pouco mais de uma hora de caminhada, eles chegaram ao Centro Cívico, onde estão as sedes do Legislativo e Executivo estadual. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o ato reuniu cerca de 15 mil pessoas.
Eles repetiram o gesto do protesto do dia 1º, quando tingiram de vermelho as águas do chafariz em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo, em repúdio à violência policial. Em seguida depositaram flores, em um gesto simbólico de paz.
Professores tingiram as águas do chafariz em frente ao palácio do governo
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
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Pouco antes da caminhada, os professores desenharam no chão figuras representantando os 213 professores, segundo a prefeitura municipal, feridos durante o protesto contra a aprovação de um projeto do governo estadual (PL 252/15), alterando a o sistema de previdência social dos servidores estaduais.
Eles foram atingidos por tiros de borracha e balas de gás disparados pela polícia. Segundo o governo estadual, 20 policiais também ficaram feridos.
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- Na história do Estado, jamais ocorreu um acontecimento com essa violência contra educadores. Estamos aqui hoje para mostrar nossa indignação contra a postura do governo - informou a secretária de Finanças do sindicato, Marlei Fernandes.
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Aprovado no mesmo dia e sancionado pelo governador Beto Richa no dia 30, o projeto modifica a fonte de pagamento de mais de 30 mil previdenciários, que passarão a ser pagos pelo Fundo Previdenciário dos Servidores Estaduais.
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A medida, segundo o governo, vai gerar uma economia de R$ 125 milhões aos cofres públicos. Os professores argumentam que a iniciativa compromete a saúde financeira do fundo, que terá de pagar mais do que arrecada. Por conta das divergência, os professores paralisaram as atividades há 11 dias.
A manifestação de hoje transcorreu de forma pacífica. Poucos policiais acompanharam o protesto, iniciado por volta de 9h, quando os professores começaram a se concentrar na Praça 19 de Dezembro.
Às 11h, os manifestantes iniciaram a caminhada em direção ao Centro Cívico. A maioria portava faixas e cartazes com as palavras "luto", "menos bala e mais giz".
Presente à manifestação do dia 29, a professora de artes da rede estadual há oito anos, Andreza Figueiredo, compareceu ao ato desta terça-feira com um "escudo" de papelão. Segundo ela, no "escudo" foi colocado tudo que sentiu no dia.
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- Infelizmente, as coisas aqui estão assim. A prioridade do governo é colocar a polícia contra os professores, mas deveria ser a educaçaõ e a saúde. Não é o que estamos vendo - lamentou.
Os professores confirmaram para hoje à tarde uma assembleia para definir o rumo da paralisação. Além da posição contra o projeto sancionado, eles reivindicam reajuste salarial de 13,1%, com pagamento retroativo à data-base de 2014, novo concurso público e melhores condições de trabalho.
O encontro deve reunir milhares de servidores e será realizado no Estádio da Vila Capanema. Por causa da greve, quase um milhão de alunos estão sem aula no estado.
*Agência Brasil