A Rádio Gaúcha teve acesso a uma auditoria encomendada pela própria UFPel para entender as finanças das fundações de apoio entre 2005 e 2012. No período, a universidade era gerida por Cesar Borges - que chegou a ser condenado por crime contra administração pública em outro processo, mas teve um parecer positivo do TCU.
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Quando o oponente de Borges, Mauro Del Pino, assumiu em 2013, pediu avaliação das contas anteriores. O exame, feito pela empresa privada V.L. Cardoso e CIA, demonstra que R$ 5,72 milhões teriam sido desviados de sete projetos, de áreas diversas como da Saúde e de Relações Internacionais. O dinheiro teria sido usado para manutenção, como folha de pagamento dos funcionários, internet e telefone, pois os projetos não previam esses gastos. O próprio Del Pino já havia apontado o rombo no começo de sua gestão, mas o cálculo superficial mostrava um suposto desvio de R$ 5,3 milhões.
O interessante é que no ofício em que o então novo presidente das fundações de apoio, Cristiano Guedes Pinheiro, encaminha a análise do suposto desvio, ele também pede que a UFPel repasse às fundações quase R$ 1 milhão. Ou seja, além de haver um rombo de R$ 5,7 milhões, a direção ainda pedia quase outro milhão para a universidade. Cristiano não quis falar com a reportagem.
O motivo alegado do pedido é para ressarcir um dos projetos afetados, que teve suas contas esvaziadas sem nunca sair do papel. O projeto "Governança Fronteiriça" foi financiado por um organismo internacional, a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). Segundo informações das fundações, a AECID estuda até entrar na Justiça contra a administração. O projeto deveria estar finalizado em março de 2014, mas até agora não saiu do papel.
Por e-mail, o ex-reitor Cesar Borges disse que desconhece o que ocorreu com relação às supostas irregularidades citadas desde que deixou o cargo.
Esta reportagem faz parte de uma série sobre supostas novas irregularidades dentro da UFPel.
*Rádio Gaúcha