Apontado pelo governo de José Ivo Sartori como o fiador da atual crise financeira, o PT do ex-governador Tarso Genro vai reagir. Para marcar a passagem dos cem dias do governo do PMDB, os parlamentares petistas farão roteiros hoje nas bases eleitorais para apresentar a sua versão dos fatos. O deputado estadual Jeferson Fernandes levará o ex-secretário da Fazenda Odir Tonollier para roteiros por Cruz Alta, Santa Rosa e Santo Ângelo.
- Fica a dúvida sobre essa novela de uso dos depósitos judiciais, sobre essa história que eles dizem que o governo Tarso jogou recursos dos financiamentos no caixa único para pagar o funcionalismo. O Odir tem a explicação técnica - diz Jeferson, que classifica o governo como "sem iniciativa".
Projetos de Sartori seguem uma incógnita após 100 dias no Piratini
Confira os principais fatos do governo Sartori desde 1º de janeiro
Rosane de Oliveira: com a marca da paralisia
O PT elaborou material impresso com análise crítica do Piratini e, nas redes sociais, as ações serão acompanhadas pela hashtag #CemDiasSemProposta, em alusão ao suposto imobilismo da gestão de Sartori.
Na segunda quinzena de abril, deputados da sigla também sairão em caravana pelo Estado, batizada de "Diálogos para o Desenvolvimento", para defender o governo Tarso e contrapor os números apresentados pela equipe do peemedebista.
- O governo Tarso poderia ser questionado sob o ponto de vista de que endividou o Estado, mas nós levantamos recursos, tínhamos uma estratégia que era fortalecer as funções públicas e captar recursos seja onde estivessem - afirma Luiz Fernando Mainardi, líder da bancada do PT na Assembleia.
Para ele, o governo Sartori não envia projetos à Assembleia - os primeiros oito chegaram ao parlamento na quarta-feira passada, mas nenhum trata de questões centrais - porque "não sabe o que fazer e não tem programa".
Expectativa da volta de investimentos
Repetindo o discurso otimista e festivo de Tarso, Mainardi nega a existência de déficit de R$ 5,4 bilhões no orçamento de 2015 e alega que o caixa será reforçado por R$ 1,8 bilhão ao ano por novas receitas. Os recursos viriam do aumento da arrecadação de ICMS com a alta da energia elétrica.
No meio sindical, também é desfavorável a avaliação dos cem dias. Dirigente da CSP-Conlutas, Érico Correa cobra a abertura imediata de negociações para, no mínimo, a concessão da reposição inflacionária aos salários dos servidores:
- A Fazenda faz discurso de que não há dinheiro, mas o governo autorizou polpudos reajustes para magistratura, Ministério Público, Legislativo e secretários.
Leia todas as notícias sobre o governo Sartori
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Avaliação positiva vem do empresariado. Para o segmento, Sartori se dedicou inicialmente a uma análise minuciosa dos problemas. Agora, não terá dúvida em apresentar as medidas necessárias para o Estado equilibrar receitas e despesas e retomar a capacidade de investimento.
- As fontes de financiamento estão esgotadas. Sartori está preparando a sociedade, até para que ela possa indicar caminhos para as atitudes que precisam ser tomadas, que talvez sejam duras. Chamo isso de cautela, necessária para não incorrer em erros - analisa Heitor Müller, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
Transparente sobre a situação financeira, nem tão claro assim ao expressar os seus pensamentos é a avaliação que faz o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn. Ele aprova a decisão de Sartori de não apostar mais no modelo do endividamento como método de gestão.
- Entendo que 2015 é o ano do ajuste de contas, mas o governador precisa preparar um ambiente de retomada de investimentos. Não pode ficar só na gestão da dificuldade. Se o Estado não consegue fazer sozinho, tem de buscar PPPs e concessões - opinou Bohn.