Na primeira coletiva após deixar a articulação política do governo, Pepe Vargas (PT-RS) anunciou sua ida para Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e, depois de atender a um telefonema, mudou a versão. Ele condicionou seu futuro na Esplanada à nota oficial da presidente Dilma Rousseff ratificando a nomeação - o comunicado, de três linhas, saiu às 20h48min. Na primeira frase, o ministro afirmou que aceitou permanecer no governo. Ao retornar da pausa, que durou três minutos, disse que "que a presidente não confirmou essa questão da SDH". A assessoria do petista informou que ele resolveu um problema familiar ao celular.
Depois do episódio, Pepe conversou com exclusividade com Zero Hora. Negou mágoas pela condução de sua saída da Secretaria de Relações Institucionais, no episódio em que soube pela imprensa sobre o convite e a recusa de Eliseu Padilha (PMDB-RS) em assumir a função, repassada ao vice-presidente Michel Temer. Ainda desejou boa sorte ao novo articulador:
- O sucesso de Temer é o sucesso do governo.
Fica mágoa pela sua saída das Relações Institucionais?
Não tem mágoa, evidente que era melhor não ter vazado. Há um ruído com o PMDB e a decisão de tirar o PT e colocar o aliado na articulação serve para diminuir o ruído. Temer pode ter um papel importante, ele é presidente do PMDB.
Pepe Vargas acerta com Dilma saída da Secretaria de Relações Institucionais
A situação expôs o senhor. Fica um constrangimento para seguir na Esplanada?
A presidente Dilma não fez isso para me sacanear. Ela deixou claro que não tem reparo ao meu trabalho. Ela fez uma opção política, porque ela acha que, se não colocarmos o PMDB ali, não vamos ter sossego nunca.
Tarso Genro critica presidente Dilma Rousseff: "PT é acessório no governo"
A Secretaria de Direitos Humanos é um prêmio de consolação?
Não encaro dessa forma. Dilma falou que posso voltar para o mandato de deputado ou ajudar o governo. Trabalho para que o projeto da presidente dê certo. Se ela quiser me aproveitar na sua equipe, eu aceito o convite. Só serei ministro depois de confirmado pela presidente. Na coletiva, atendi a uma ligação familiar, que eu estava aguardando desde cedo.
Seu trabalho no Planalto sofreu críticas, inclusive do ex-presidente Lula. O senhor esperava esse fogo amigo?
Alguma vez você viu o Lula dizer isso? O que tem de gente que diz que o Lula disse algo... O Lula nunca fez crítica à minha pessoa, não ouvi isso dele. A maioria dos deputados do PT me apoiou, e quem critica não assume publicamente.
Temer assumirá articulação política do governo após a saída de Pepe Vargas
Oposicionistas e aliados criticam Dilma por escolha de Temer para articulação política
Com a escolha de Temer, o governo assume que é refém do PMDB no Congresso?
Discordo. Neste ano tivemos 35 votações nominais e ganhamos 75%, ou seja, na maior parte dos confrontos de plenário o governo ganhou. Ganhamos inclusive questões contra o PMDB.