Os manifestantes do Movimento Sem Terra (MST) que invadiram uma fazenda em Tapes vão passar mais uma noite no local. Na manhã dessa sexta-feira, um oficial de justiça notificou o grupo de cerca de 1,8 mil pessoas que deveriam deixar a propriedade até o final da tarde. No entanto, eles tentam derrubar a reintegração de posse obtida pelos proprietários da área na Justiça. Os sem terra também querem um prazo para negociar reassentamentos com o Incra. As informações são da Rádio Gaúcha.
- Muitas famílias com crianças não têm como deixar o local de uma hora pra outra - relata a sem terra assentada Salete Carolo.
Na liminar concedida pela Justiça de Tapes, a Brigada Militar foi autorizada a usar a força, se necessário. No entanto, a possibilidade ainda não foi discutida pela corporação, que apenas acompanha a movimentação dos acampados.
- Está difícil de estabelecer um diálogo por que o grupo não tem um líder. Cada vez que os chamamos para conversar, vem uma pessoa diferente - conta o comandante do Batalhão de Camaquã, capitão Marcelo Nunes Ferreira.
Se for necessário intervenção para a retirada das famílias do local, será preciso solicitar reforço de policiais da região sul e de Porto Alegre. Nesse caso, a ação não seria realizada durante o final de semana.
A área invadida possui 7,2 mil hectares e fica na localidade de Camélia, no interior de Tapes, onde são plantados pinus e eucaliptos. As famílias são oriundas de 14 acampamentos do MST no RS. A invasão faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária e lembra os 19 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, onde 19 sem terra foram mortos pela Polícia Militar paraense, em 17 de abril de 1996.