A promotora de Justiça Adriana Chesani encaminhará um pedido de providências administrativas à Secretaria Municipal da Saúde sobre as denúncias de consumo de drogas no Centro de Atenção Psicossocial (Caps/Reviver), em Caxias do Sul.
Conforme Adriana, é urgente esclarecer como pacientes em tratamento teriam acesso e estímulo para consumir drogas, mesmo que no pátio da instituição.
- Por causa desse consumo que ocorre no lado de fora, tem pacientes que gostariam de se ver livres do problema mas estão pertos da droga. Isso atrapalha bastante o tratamento - pondera a promotora.
O Caps Reviver tem 8 mil pacientes do SUS com prontuários ativos. Nem todos os cadastrados buscam o atendimento regularmente, mas a instituição fornece leitos para desintoxicação, alimentação, atividades terapêuticas e atendimento de psicólogos. É um serviço estendido a familiares dos pacientes.
Como se trata de SUS, a meta é manter as portas abertas e facilitar a recepção. Na prática, um paciente não tem restrição para entrar ou sair desde que não traga drogas. Além disso, o Caps atende em um terreno que compartilha a vizinhança com duas casas de acolhimento de moradores de ruas. Os portões são fechados apenas aos finais de semana e feriados.
Outro modalidade de atendimento do Caps Reviver é a chamada redução de danos. Essa política, adotada em diversos países, incentiva o viciado a trocar a droga mais pesada por outra mais leve, ou ainda, reduzir as doses. Com isso, a tendência é de que o dependente químico abandone o uso de crack e outras substâncias. A promotora Adriana lembra que a redução de danos vinha sendo adotada em Caxias do Sul pelo Consultório de Rua, que consiste no monitoramento de viciados que moram na rua ou em casas abandonadas.
- Pelas denúncias recebidas, alguém estaria usando a política do Consultório de Rua dentro do Caps. Essa pessoa concordaria que os pacientes façam uso de drogas no lado de fora. Mas se o paciente usa drogas no lado de fora é sinal de que ele está carregando a substância consigo, ou seja, está entrando com a droga dentro da instituição - reforça a promotora.
A chefe da Guarda Municipal, Raquel Dessoti, confirma apreensão de maconha, armas brancas e registro de brigas entre os internos no Caps. A situação exigiu reforço na segurança há cerca de três meses durante o dia. Raquel diz que o problema é sazonal.
- É um serviço de portas abertas, o usuário tem liberdade para sair. Com a fissura, vai pra rua e acaba comprando drogas onde sabe que tem.
Tratamento desvirtuado
MP pedirá providências contra o uso de drogas entre pacientes de Caxias do Sul
Pacientes denunciaram consumo de crack no pátio e nas dependências do Caps
Adriano Duarte
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