A análise do governo José Ivo Sartori sobre os primeiros cem dias de administração do Estado ficou marcada pela defesa do corte de gastos e por uma repetição das respostas evasivas sobre a manutenção dos salários dos servidores e públicos e a respeito de propostas concretas para o futuro. Na manhã desta sexta-feira, a cúpula do Piratini, os secretários de Estado e dirigentes de órgãos públicos se reuniram para um balanço dos três meses de governo.
Durante o seminário, cada titular de pasta apresentou, em cinco minutos, os seus projetos prioritários para os próximos anos. Sartori anunciou que, até maio, cada área do governo terá definidas as suas metas e serão assinados contratos de gestão, nos moldes do que ocorre na prefeitura de Porto Alegre.
A equipe de comunicação do Piratini entregou à imprensa um documento de 20 páginas com o balanço das atividades. A peça valoriza a economia que os dois decretos editados por Sartori no início do ano representarão aos cofres públicos em 2015, calculada em R$ 1,6 bilhão.
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Além disso, lista 89 "realizações" da administração. A relação trata de captação de investimentos e redução de despesas. No entanto, interpreta como "realizações" algumas atividades que fazem parte do cotidiano de qualquer governo, como a manutenção de rodovias, pagamentos a hospitais e até mesmo reuniões com sindicatos, como o Cpers.
O governador não falou à imprensa, que teve acesso apenas à exposição feita por ele aos secretários. No discurso, Sartori repetiu frases de efeito que têm marcado as suas falas: pediu "menos rivalidade e mais solidariedade", falou repetidas vezes em "honestidade", "cabeça erguida" e sobre evitar "falso otimismo e falso pessimismo".
Chefe da Casa Civil afirma que incerteza sobre salários permanecerá
Após o seminário, o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, concedeu entrevista coletiva e voltou a falar sobre as consequências da crise financeira do Estado. O peemedebista repetiu que o governo não enviará um pacote de projetos para a Assembleia e que as medidas estruturais para reduzir o déficit de R$ 5,4 bilhões calculado para 2015 ainda estão em estudo.
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Biolchi não garantiu o pagamento em dia dos salários dos servidores em abril e disse que os reajustes concedidos aos funcionários da Segurança Pública pelo governo anterior, que começam a ser pagos em maio, podem ser renegociados com as categorias:
- Essa é uma discussão que os próprios servidores querem fazer. O fato é que estamos para conceder um aumento sem ter condições. Se não fosse o decreto de janeiro, não teríamos como pagar os salários. A ansiedade dos servidores é a mesma que a nossa. Não é uma opção, é o contexto que estamos vivemos. Não podemos ser irresponsáveis de prometer algo que não sabemos se vamos cumprir.
A Secretaria da Fazenda prevê que as dificuldades para manter a folha em dia em abril tendem a se agravar, já que o Estado tem pouco dinheiro da conta dos depósitos judiciais para sacar e a receita de ICMS não tem crescido como previa o orçamento deste ano.
*ZERO HORA