A reflexão, quando o vídeo mostra homens de avental laranja sendo decapitados ou incendiados em uma jaula, é recorrente: até onde vai isso? Não só pela crueldade. Também pela forma como grupos terroristas surgem e se disseminam.
Na última quinta-feira, relatório das Nações Unidas mostrou que mais de 25 mil estrangeiros se juntaram a grupos extremistas. Tal número desperta ainda outra preocupação: a brutalidade exposta em especial pelo Estado Islâmico nas cenas narradas acima ou pelo Boko Haram, ao sequestrar meninas e doá-las como escravas sexuais para saciar o desejo de tribos e perversamente arregimentar simpatizantes, atrai gente até no Ocidente - em sua maioria, jovens desajustados ao seu meio.
No mesmo dia em que as Nações Unidas divulgavam seu relatório sobre a adesão estrangeira a tais brutalidades, o Al-Shabbab atacou uma casa universitária no Quênia. Deixou 147 estudantes mortos. É recorrente. O terror agredindo um centro de saber - o Boko Haram tem no próprio nome uma breve carta de princípios: "a educação ocidental (ou não islâmica) é pecado".
- Esse avanço é recente. Não temos uma análise definitiva. O que costumo dizer em sala de aula é que isso se dá pela falência do Estado moderno. Passada a Guerra Fria, criou-se um vácuo de poder em algumas regiões que foram abandonadas pelas potências, antes interessadas em utilizá-las na disputa entre elas. Surgem formas de poder sem que haja projetos políticos organizados - explica a historiadora Analúcia Danilevicz Pereira, professora de Relações Internacionais da UFRGS.
Mundo assustado
Entenda como as novas organizações terroristas se disseminam
Grupos como Estado Islâmico e Boko Haram promovem cenas de alta violência e crueldade
Léo Gerchmann
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