Em dia de comemoração pela volta de Cuba à Cúpula das Américas, na manhã deste sábado, a presidente Dilma Rousseff elogiou a decisão dos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, de terminar com o estranhamento entre os dois países, mas cobrou o fim do embargo econômico em Cuba. Dilma também criticou as sanções contra a Venezuela, estabelecidas pelos americanos há cerca de um mês.
Obama e Raúl Castro têm encontro histórico na Cúpula das Américas
Cúpula das Américas realiza sétima edição no Panamá
- Celebramos aqui e agora a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de restabelecer as relações entre Cuba e Estados Unidos, pondo fim a esse último vestígio da guerra fria na região que tantos prejuízo nos trouxe. Estamos seguros de que outros passos serão dados, como o fim do embargo que já há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano. Aí sim estaremos construindo as linhas que pautarão nosso futuro - declarou a presidente.
Apesar da celebração da primeira vez que Cuba e Estados Unidos sentam juntos à mesma mesa em uma Cúpula das Américas, os discursos presidenciais não pouparam as críticas ao governo americano, não apenas pela manutenção do embargo - que Obama prometeu que estava trabalhando com o Congresso americano para suspender - mas principalmente pelo ressurgimento da crise com a Venezuela. Ao falar primeiro, o presidente do Equador, Rafael Corrêa, concentrou-se nas acusações aos Estados Unidos.
Barack Obama e Raúl Castro têm encontro histórico na Cúpula das Américas
Foto: Presidência do Panamá/AFP
Terceira a falar, Dilma trouxe à tona as sanções contra o país de Nicolás Maduro:
- O bom momento das relações no hemisfério já não admite ações unilaterais e de isolamento, contraproducentes e ineficazes. Por isso rechaçamos a adoção de sanções contra a Venezuela. O atual quadro desse país irmão pede moderação, pede a aproximação de todas as partes. Com esse propósito, a Unasul (União das Nações Sul-americanas, trabalha para apoiar diálogo político na Venezuela - afirmou a presidente, lembrando que a comissão de chanceleres da entidade tem mediado o diálogo entre a situação e a oposição para que sejam realizadas as eleições deste ano.
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Dilma lembrou que a região tem o maior período de paz na sua história, com todos os países com regimes democráticos, o que precisa ser incentivado e respeitado. "É nossa responsabilidade fazer desse um século de paz", concluiu.
Dilma aponta educação como alavanca do desenvolvimento
A presidente destacou a importância da educação no Brasil e na América Latina como "uma das principais alavancas" para romper o ciclo da desigualdade e promover o desenvolvimento da região.
Dilma Rousseff elogiou atitude de Barack Obama e Raúl Castro
Foto: Mandel Ngan/AFP
O combate à discriminação por orientação e identidade de gênero e do combate ao tráfico de drogas também foram citados, que segundo a presidente, deve unir repressão e prevenção. O discurso tratou ainda de inovação, argumentando que os países da região são ricos em recursos naturais e produtores de commodities, mas também são capazes de participar do ciclo de inovação do século 21.
Ainda falando sobre a conjuntura atual, Dilma disse que o século 21 requer um novo foco sobre imigração, com um olhar para os direitos dos migrantes. Ela mencionou o crescente fluxo migratório entre países em desenvolvimento e disse ser papel dos governantes garantir condições de trabalho decente, além reafirmar ser importante que o continente siga no sentido oposto ao da xenofobia e da intolerância.
No Panamá, Dilma usa parte do seu discurso para defender ajuste fiscal
A presidente falou ainda sobre mudanças climáticas e a importância de se avançar em acordos internacionais para evitar a aceleração de desastres naturais. Dilma se solidarizou com a presidente chilena, Michelle Bachelet, pelos desastres que o país tem enfrentado, como inundações, em especial na região norte.
A seca sem precedentes por que passa a Região Sudeste do Brasil também foi citada, como outro exemplo da necessidade de se chegar a um acordo climático "ambicioso, equilibrado e vinculante".
Cúpula das Américas
Dilma cobra fim de embargo a Cuba e critica sanções contra Venezuela
A presidente elogiou a decisão de Obama e Raúl Castro de terminar com o estranhamento entre os dois países
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