"Esta missa é em memória de Bernardo Uglione". Foi assim, ignorando o sobrenome paterno Boldrini, que foi anunciada a mensagem que deu início à missa do Sábado de Aleluia, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, neste sábado, em Santa Maria.
Familiares e amigos de Jussara Uglione, avó de Bernardo, sentaram-se nas primeiras fileiras. No altar, um pôster do menino ao lado da mãe rodeado por muitos corações de cartolina com fotos e mensagens.
Com o início da cerimônia do Círio Pascal, que no ritual católico representa a luz de Cristo ao acender de uma vela, os presentes eram silenciosos e reflexivos. A chama, compartilhada para acender as velas nas mãos dos fiéis, converteu-se na materialização da comunhão da comunidade cristã, um dos temas abordados no sermão.
Enquanto todos cantavam "Glória Deus nas Alturas", palmas e sinetas seguidas do badalar do sino da igreja. A representação no altar mostrava que Jesus havia ressuscitado e, com ele, a esperança. E foi assim, no dualismo entre a morte e a vida que em muitos momentos o sermão servia de conforto aos familiares do menino, assassinado há um ano.
Na mesma igreja em que Jussara viu seu neto ser batizado, neste sábado ela lamentava sua partida.
- Até hoje, eu não acredito nisso. Às vezes, acho que estou sonhando e que isso não é real - lamenta a avó.
No sermão do padre, um consolo:
- Ainda que os homens não possam fazer a justiça como nós desejamos, Deus certamente o fará - sentenciou o religioso.
Mensagem de colegas de Bernardo encerra vigília
O simbolismo da missa versa sobre o renascimento, a reafirmação das crenças e a transformação do corpo terreno no corpo espiritual, acreditam os católicos. E as palavras dessa noite serviram para celebrar a vida. Para aqueles que ficam e sofrem, explica o padre, comemora-se a passagem da morte para a vida eterna.
Para a família que chora por Bernardo, resta desejar que ele esteja melhor do que esteve em vida e esperar pela Justiça.