Quando trabalhou no Vale do Sinos, o delegado Alencar Carraro participou das investigações de pelo menos dois casos de adolescentes que colecionavam homicídios. À frente da DP de Eldorado do Sul, desde o ano passado, já desarticulou pelo menos dois grupos envolvidos com o tráfico e com vandalismo formados, em sua maioria, por adolescentes.
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Diário Gaúcho - O fato de se tratarem de comunidades distantes das áreas mais centrais da Região Metropolitana influencia na entrada desses jovens para o crime?
Alencar Carraro - Há um ambiente propício na periferia. Em geral, são áreas invadidas em lugares degradados, sem a presença marcante e correta do Estado. Então, essas crianças desde muito cedo se acostumam com práticas erradas. Desde o gato na energia elétrica até aquele pequeno furto. Não é difícil reproduzirem modelos errados.
DG - É um terreno fértil para uma facção criminosa arregimentar novos soldados?
Alencar - São os traficantes que dão a eles a sensação de ser notado e respeitado, que a idade exige. Na escola ou em casa, ele passam despercebidos. O ganho em dinheiro e status, para ter uma arma, uma moto, as namoradas, é muito fácil. Então, quem vai ser o otário para estudar e demorar para ganhar tudo isso que ele pode ter em um ou dois meses?
DG - A ousadia desses meninos em seus depoimentos surpreende o senhor?
Alencar - Já não me surpreende, me entristece. Eles têm a necessidade de contar as suas proezas e ostentar. Nós ouvimos algumas meninas que andam com eles. Elas, em geral, os valorizam por essa ostentação. Então, eles chegam a se apressar para assumir a droga, a arma ou o que for.
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