Tabaré recebe a faixa de Mujica. Foto: Daniel Caselli/AFP
A presidência do Uruguai perdeu o charme de José "Pepe" Mujica. No domingo, após cinco anos de poder, o presidente que ficou conhecido pela simplicidade e por uma política inovadora em relação à maconha transmitiu o cargo a Tabaré Vázquez, que chega pela segunda vez ao comando da nação.
Tabaré foi presidente de 2005 a 2010 e reassume o cargo enfrentando uma inflação que chegou a 8,26% em 2014, um déficit fiscal que ficou no ano passado na casa de 3,5% do PIB e uma série de desafios na área de educação, com o gargalo no ensino médio.
- Tabaré tem um estilo mais sóbrio, é mais gestor, mas acredito no projeto da Frente Ampla e os princípios seguem os mesmos - disse estudante de Ciência Política, Santiago Muniz, de 23 anos.
Muniz era uma das poucas pessoas que estava na Praça Independência, local da transmissão de cargo, com uma máscara de Tabaré, e não de Mujica. É difícil para qualquer um competir com a trajetória do agora ex-presidente. Um dos líderes da luta contra a ditadura (1973-1985), Mujica passou 13 anos na cadeia.
Em 2010, inaugurou um mandato marcado pela humildade. Não deixou de morar em uma pequena chácara e manteve o hábito de dirigir o Fusca azul, ano 1987. Em casa, costuma preparar seu prato preferido, carne com cebola, e está sempre com sua cadela de três patas, Manuela. Na política, a passagem pela presidência foi marcada pela sanção da lei que permite o cultivo individual e a venda da maconha e pelo recebimento de prisioneiros de Guantánamo.
Neste domingo, de óculos escuros, Mujica foi aplaudido quando apareceu ao lado da mulher Lúcia na praça. Ele passou a faixa a Tabaré com um forte abraço. O ex-presidente deixou o local a bordo do Fusca dirigido por um motorista, com a mulher no banco de trás.
A cerimônia teve menos chefes de Estado do que o esperado. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o vice dos EUA, Joe Biden, cancelaram a viagem. Evo Morales, da Bolívia, esteve no Uruguai na quinta e não retornou. Cristina Kirchner, da Argentina, mandou o vice, Amado Boudou. Ficou para Dilma Rousseff, Michele Bachelet (Chile), Rafael Correa (Equador) e Raúl Castro (Cuba) o papel de convidados famosos.
* Zero Hora