Sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF) por suspeita na fraude de superfaturamento na compra de medicamentos concedidos por decisão judicial, conforme investigação na Operação Medicaro. O indiciamento ocorreu na última quinta-feira, quando a segunda fase da operação foi deflagrada em Santa Maria, mas somente na segunda-feira foi divulgado pela Polícia Federal.
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Foram indiciados dois advogados, dois interventores, duas pessoas ligadas às farmácias suspeitas de participação no esquema e um funcionário da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). A identidade dos indiciados não foi divulgada pela PF nem pela Justiça Federal, mas o Diário teve acesso ao nome do funcionário da 4ª CRS. Luiz Antonio Dal Forno Pedroso está preso desde a última quinta-feira na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). Na segunda-feira, a prisão temporária de Pedroso foi prorrogada por mais cinco dias.
A reportagem procurou o advogado de Pedroso, mas ele não quis se manifestar. Às 16h50min de segunda-feira, a defesa de Pedroso chegou a protocolar no Tribunal Regional Federal (TRF 4), na Capital, um habeas corpus pedindo a revogação da prisão do seu cliente, que até a tarde desta terça-feira ainda não havia sido avaliado.
Todos os suspeitos foram indiciados pelos crimes de estelionato contra à União, falsificação de documentos e falsidade ideológica. Segundo o delegado da PF, Rafael França, possivelmente as sete pessoas também serão indiciadas por formação de quadrilha. A pena pode chegar a 21 anos de prisão em caso de condenação.
Com o indiciamento, os suspeitos não podem se ausentar da cidade sem avisar a polícia e podem ter acesso aos elementos de prova da investigação. O Ministério Público Federal (MPF) está acompanhando o inquérito.
_ Assim que concluirmos a averiguação, o MP pode oferecer denúncia, e os suspeitos responderão criminalmente na Justiça. Por enquanto, são apenas indiciados, com forte suspeita de envolvimento no caso _ diz França.
Entre os indiciados, estão dois assessores do vereador João Carlos Maciel (PMDB). Em outro inquérito paralelo, a PF investiga a origem dos medicamentos apreendidos no escritório do projeto social do vereador. O delegado afirma que a polícia segue fazendo a contagem dos medicamentos encontrados e analisando os documentos apreendidos. Só depois França vai decidir se chamará Maciel para ser ouvido na PF.
Vereador Maciel é esperado nesta terça-feira na Câmara
Desde que deixou a Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm), às 5h40min de sábado, o vereador e radialista João Carlos Maciel (PMDB) segue em silêncio. Ele havia sido preso em flagrante às 14h30min da última quinta-feira durante a Operação Medicaro por armazenar e distribuir medicamentos de uso controlado na sede do projeto social mantido por ele.
Na manhã de segunda-feira, um cartaz escrito a caneta e fixado na porta do programa social de Maciel, na Rua André Marques, informava: "Não estamos recebendo doações". Até segunda-feira, a sede continuava fechada.
Na Rádio Medianeira AM, onde Maciel mantém um programa que leva o seu nome, o comando segue com o radialista Clédio Callegaro. Ainda não há previsão de Maciel retomar a apresentação do programa João Carlos Maciel, que é transmitido das 7h05min às11h30min.
É esperado para a tarde de terça-feira, a partir das 13h30min, que Maciel retome as suas atividades no Legislativo local. O presidente da Câmara, Sergio Cechin (PP), espera poder conversar com o colega nesta terça. Maciel é integrante da Comissão de Ética e Decoro da Casa e deve seguir na pasta. Cechin sustenta que o caso arranha a imagem da Câmara.