Uma sequência de quatro casos de meningite confirmados em Viamão nos 10 últimos dias, sendo que um deles levou uma criança à morte, chamou a atenção de autoridades e despertou preocupação na Região Metropolitana. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirmou, no entanto, que não se trata de um surto da doença no município - os números estariam dentro do padrão esperado para o período.
A enfermeira Leticia Martins, do Núcleo de Vigilância de Doenças Transmissíveis da SES, explica que a meningite é caracterizada pela inflamação das membranas que envolvem o cérebro, e pode ser ocasionada por diferentes agentes, como vírus, bactérias e outros microorganismos. Os dois primeiros casos da doença, confirmados pela prefeitura em 16 de março, foram de meningite bacteriana do subtipo B, uma das formas mais graves.
Uma criança de cinco anos morreu e a outra segue internada em estado grave no Hospital São Lucas da PUCRS. Ambas estavam inscritas no colégio particular Pró-Futuro, localizado no bairro Águas Claras.
- A meningite bacteriana tem uma grande capacidade de alcançar o sistema nervoso, e por isso é mais perigosa. Toda a vigilância está focada em monitorar este tipo da doença, pois sua evolução é muito rápida - explica a enfermeira Letícia Martins.
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Conforme a especialista, existem vários tipos de meningite bacteriana. Na rede pública, há apenas a vacina para o tipo C, que entrou no calendário de vacinação do Estado em 2010. Já na rede privada, há vacinas disponíveis para os tipos A, C, W e Y. A vacina para o tipo B, que acometeu as duas crianças de Viamão, ainda não está disponível no mercado.
Após as confirmações dos casos na cidade, a prefeitura do município vizinho a Porto Alegre tomou uma medida de controle para evitar novos contágios. Setenta e sete alunos e 16 professores da escola onde as crianças estudavam foram medicados com antibióticos como forma de profilaxia - conjunto de medidas indicadas para a prevenção da doença.
A meningite viral, responsável pelos dois últimos casos, confirmados no domingo , é considerada a forma mais branda da doença, com maior incidência nesta época do ano. A doença atingiu um menino de um ano e uma menina de oito anos, cuja irmã apresentou sintomas semelhantes, mas ainda sem confirmação do diagnóstico. Ambas estão internadas em estado estável no Hospital de Viamão.
- Não há motivo para se falar em epidemia ou surto da doença. A meningite viral, que é mais comum, ocorre com maior frequência no final do verão e início do outono, e sua transmissão é semelhante à de uma gripe. A evolução da doença é limitada e, se não atingir pessoas com extremos de idade (bebês ou idosos), em geral a recuperação é tranquila e não deixa sequelas - pondera o infectologista Diego Falci, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).