A paixão pelos cavalos e rodeios era o que mais unia os membros da família Araújo Sievers, vítima do acidente com um ônibus de turismo na Serra Dona Francisca. Por causa deste mesmo amor, o filho mais velho do clã, William, chegou a brigar com o pai, Osvaldir, para ir a um evento na região no fim de semana. Na manhã desta segunda-feira, o jovem consolava a avó, Laura, no enterro dos pais, dos três irmãos, do tio e do primo, em Porto União, no Planalto Norte catarinense
- A gente não pode ficar triste aqui pra eles não ficarem triste lá também - dizia o jovem.
Bastante emocionada, dona Laura chegou a ser atendida por médicos. No velório, chorava e se lamentava:
- Não sobrou um. Não sobrou um.
:: A relação dos 51 mortos. Algumas vítimas não tiveram as fotos divulgadas
Osvaldir e Rejane trabalhavam fornecendo areia e terra para jardinagem. Os filhos mais novos, Camille, Wesley e Renan iam à escola do bairro e, nas horas vagas, se divertiam ao ar livre, cavalgavam com a égua Estrela e brincavam de laçar vaca parada.
- O Wesley ia fazer 14 anos e era o que mais gostava de cavalos. Parecia um velhinho. Pegava a cuia de chimarrão, as coisinhas dele, e ficava lá brincando com a Estrela - recorda a avó.
- As cordas, as vaquinhas. Ficaram tudo lá - completou William.
No enterro, Laura fez questão de fazer o sinal da cruz em todos os caixões. Em lágrimas, deu a última bênção aos netos, aos filhos e ao genro. Prometeu voltar logo ao cemitério, "para deixar tudo limpinho e bonito"
- Espero que eles fiquem em paz.
Velório da família terminou na manhã desta segunda-feira
Treze vítimas do acidente com um ônibus de turismo na Serra Dona Francisca, incluindo a família Araújo Sievers, foram veladas na capela comunitária do bairro Santa Rosa, em Porto União, no Planalto Norte catarinense, na manhã desta segunda-feira. Cerca de 300 pessoas acompanharam as homenagens.
Os integrantes da família são Rejane Araújo, que viajava acompanhada pelo marido Osvaldir Sievers e os três filhos, Camile e Wesley Sievers e Renan Araújo. O irmão dela, Luiz César Araújo, e o filho dele, Ricardo Araújo, também morreram no acidente.
Às 8h, foi feita uma celebração ecumênica e por volta das 9h30min os caixões começaram a ser levados para os locais de enterro. Três caminhões dos bombeiros farão o transporte. Dois ônibus levarão parentes e amigos ao cemitério.
Outro velório comunitário das vítimas do acidente acontece em União da Vitória, no interior do Paraná.