Apesar do consenso de que a saída para retomar o crescimento após a exaustão da via do consumo está na expansão dos investimentos, sobram obstáculos para trilhar o novo caminho. Ainda que aos solavancos devido à fragilidade política do governo federal, o ajuste fiscal capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é apenas o começo da jornada para o país recuperar a credibilidade, entende Aloisio Campelo Junior, superintendente adjunto de ciclos econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Após controlar a inflação e recolocar nos trilhos as contas públicas, são necessárias reformas para facilitar o ambiente de negócios e destravar programas de concessões para investimentos em infraestrutura - rodovias, ferrovias, portos e aeroportos _, o que ajudaria no aumento da produtividade da economia. Outro ponto, enumera Campelo, é dar estabilidade às regras de regulação.
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Contratos e visão de longo prazo contribuem para investimento
- Muitos pontos foram mexidos, por exemplo, no setor elétrico. Isso gera insegurança no empresário na hora de participar de uma concorrência - aponta o economista.
Para o presidente da Stihl no Brasil, Cláudio Guenther, falta previsibilidade no país.
- Uma hora o preço da energia cai, depois sobe. São concedidos benefícios fiscais, depois retirados. Isso mina o grau de confiança no Brasil - diz Guenther, lembrando que, assim, os cálculos de custos que também influenciam nos preços dos produtos acabam prejudicados.
A insegurança jurídica é outra fonte constante de dor de cabeça, aponta Otávio Guimarães Decusati, diretor presidente da Tanac, de Montenegro.
- Temos quase diariamente surpresas em áreas como fiscal, trabalhista e previdenciária - cita o empresário, acrescentando que os gastos do segurança patrimonial devido à criminalidade também são um custo que afeta a competitividade.
Mesmo de acordo com a necessidade do ajuste fiscal, que prevê corte de gastos e aumento de receitas, a conta não pode pesar apenas de um lado pelo aumento da carga tributária, avalia Rodrigo Miceli Piazer, diretor superintendente da Lojas Colombo:
- Falta o Planalto fazer a sua lição de casa e racionalizar o próprio gasto.
Economia
O que falta para o investimento deslanchar no país
Controle da inflação, ajuste fiscal nas contas públicas e reformas para facilitar negócios e destravar concessões em infraestrutura são algumas das missões do governo
Caio Cigana
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