Entre os moradores de Faxinal do Soturno e da maioria das cidades da Quarta Colônia, não era novidade que eles pagam a energia elétrica mais cara do Estado. Porém, agora, eles não carregam apenas esse título estadual. Com os últimos reajustes da luz, no começo de março, os consumidores residenciais da concessionária Nova Palma Energia (antiga Usina Hidrelétrica Nova Palma) conquistaram um título indesejado: passaram a pagar a tarifa de luz mais cara de todo o Brasil.
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Nesse ranking, divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estão contabilizados os valores cobrados dos clientes residenciais pelas 61 distribuidoras de energia do Brasil, em que a Nova Palma Energia figura no topo - a lista não leva em conta as tarifas de cooperativas de eletrificação rural.
A concessionária, com sede em Faxinal do Soturno, lidera o ranking ao cobrar R$ 0,57 por megawatt hora (mWh) consumido pelos clientes residenciais. Para efeito de comparação, a tarifa da AES Sul, que abastece 118 cidades gaúchas, é R$ 0,46, ou 19,3% menos. Já a energia mais barata do país, cobrada pela Boa Vista Energia, em Roraima, sai pela metade do preço: R$ 0,28 pelo kWh.
E não adianta nem reclamar no 0800 ou na sede da Nova Palma Energia, pois o reajuste não é definido pela concessionária. Quem determina os percentuais de reajuste é mesmo a Aneel, com base em cálculos de gastos com a geração da energia, transmissão, encargos setoriais e custos da concessionária (veja no quadro por que a Nova Palma tem a luz mais cara).
Para piorar, a partir de 20 de abril, a luz subirá ainda mais para os clientes da Nova Palma Energia e da AES Sul. Nesta data entrará em vigor o reajuste anual dessas empresas. É que o aumento aplicado no início de março, de 36% aos consumidores residenciais, foi um reajuste extraordinário, que só ocorre em caso de emergência e nunca havia sido aplicado.
Custo de geração
Segundo o gerente de distribuição da Nova Palma Energia, Elvindo Possebon, o custo da geração de energia subiu muito em função da recente alta de 46% no custo da energia gerada na usina de Itaipu, do uso maior de termelétricas e devido ao corte do repasse de verbas da União para subsidiar a energia aos mais pobres - isso agora está sendo bancado pelos demais clientes.
- Estamos trabalhando com uma margem de lucro cada vez mais apertada. Desde dezembro, a luz já subiu uns 45%, devido ao reajuste extraordinário e as bandeiras tarifárias. Estimamos que o reajuste anual, agora em abril, deve ficar acima de 15%. Ou seja, a alta deve passar de 60% de dezembro para cá - diz Possebon.
Em Faxinal, a pensionista Margarida Grendene, 60 anos, pagava de R$ 90 a R$ 100 por mês em 2014. Agora, a conta de fevereiro já ficou em R$ 137:
- A gente só liga o ar-condicionado quando realmente precisa e está muito calor, pois a luz subiu muito. O jeito é usar o ventilador e estar sempre cuidando para não deixar as luzes acesas.