O repórter Bernardo Bortolotto da RBS TV e o cinegrafista e fotógrafo, do Diário de Santa Maria, Claudio Vaz estão em Porto Príncipe, no Haiti, para acompanhar os militares brasileiros que fazem parte da Missão das Nações Unidas para estabilização e manutenção da paz (Minustah).
Atualmente, o 21º Batalhão de Infantaria (Brabat) é formado por 1,2 mil homens. Cerca de 800 são gaúchos e mais de 500 são dos quartéis de Santa Maria. Eles embarcaram rumo ao país caribenho em novembro de 2014 e podem desmobilizar parte do batalhão e retornar para o Rio Grande do Sul em março.
A equipe acompanha o dia-a-dia dos militares e registra fatos que chamam a atenção durante os cinco dias que permanecerem na capital haitiana.
O primeiro contato
por Bernardo Bortolotto
Foram cinco decolagens, cinco pousos e mais de 14 horas de voo para atravessar o país e chegar a Porto Príncipe, capital do Haiti. Dos 1.200 militares que fazem parte da Missão de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), 1.066 são brasileiros. A maioria é gaúcha. De Santa Maria, Santiago, Rosário do Sul, São Gabriel, entre tantas outras.
Na manhã desta segunda-feira, embarcamos em um avião da Forca Aérea, junto de uma comitiva das Forças Armadas que desembarcou no país caribenho para inspecionar o Batalhão Brasileiro (Brabat).
Durante essas horas de voo, pousos e decolagens, nos contaram sobre as novidades no Haiti: "lá vocês vão encontrar muita pobreza"; "o esgoto escorre a céu aberto". Entre outras frases, além daquilo que já tínhamos visto em reportagens, lido em jornais e escutado na rádio. Também disseram: "o Haiti melhorou muito em 10 anos. Agora muitas ruas estão asfaltadas".
Às 18h40min, horário de Brasília (são duas horas de diferença, aqui eram 16h40min), descemos da aeronave para seguir em direção à base do Brabat 21.
Pelo caminho, buzinas em vários tons. De motos, carros, caminhonetes. Esses, aliás, surgiam de todos os lados. Veículos sem pisca, ruas sem preferencial. Pisar no freio só quando muito necessário. Empurra-empurra para entrar na traseira de caminhonetes, conhecidas como tap-tap, o transporte coletivo haitiano.
Mas não foi só o trânsito caótico que gritou aos nossos olhos (e ouvidos). Calçadas de chão batido. Pilhas de lixo espalhadas no passeio público, animais como cabras e porcos à procura de alimento. Em meio a isso tudo, os haitianos em ritmo frenético de um final de expediente de segunda-feira.
Na rua você encontra qualquer coisa à venda: combustível, espumante, roupa, remédio, alimentos. Tudo é comercializado da calçada, ao lado de uma vala por onde escorre o esgoto.
Homens e mulheres fazendo da cabeça a prateleira para seus produtos. Segundo os militares que acompanhamos na van da ONU, dia comum dos haitianos.
Foram 50 minutos até chegar à base. Após um choque de culturas e o primeiro contato (ainda que distante) com os haitianos, desci do veículo e três militares, fardados e com bonés azuis claros, estenderam a mão, e sorrindo perguntaram: "como está nossa Santa Maria?".
Chegou a nossa vez de contar as novidades.