Constantemente, o Centro de Caxias do Sul vira debate da comunidade e das autoridades. O tema é a melhor ocupação do lugar, especialmente nos finais de semana.
Aos domingos, sem o colorido das lojas, fechadas, a paisagem fica ainda mais cinza. O mínimo de um roteiro cultural é impossível. Museu Municipal, na Visconde de Pelotas? Fechado. Casa da Cultura, na Dr. Montaury? Fechada. Nenhum rastro da colonização italiana: artesanato ou produtos coloniais passam longe dali. Fachadas de prédios históricos desaparecem com o comércio ambulante que toma a calçada e, com eles, relógios, pulseiras, CDs.
Sobram poucas opções: o jeito é tomar um sorvete, caminhar a esmo pela praça, visitar uma da poucas lojas abertas. Na praça, jovens são raridade, é verdade, mas fica evidente que a comunidade quer ocupar o espaço: idosos e famílias passeiam. Ainda que o Centro tenha uma vocação natural para o comércio e serviço, a mera abertura das lojas não é a solução - nem o que quer a comunidade.
Mesmo que a palavra revitalização esteja presente em quase todas as falas das autoridades sobre o tema, as opiniões divergem e passam por questões que envolvem também melhorias na segurança e transporte público. A defesa pela valorização do patrimônio histórico é grande. O fato, porém, é que não há um plano para o Centro, admitido pelo próprio secretário de Planejamento, Gilberto Bosquetti.
- Não há um projeto específico de revitalização. Estamos trabalhando algumas políticas e projetos integrados. O comércio passou a dominar o Centro e alguns bairros passaram a ter mais autonomia.
Ainda que os jovens pareçam ser os que menos ocupam o Centro, vêm deles as maiores reivindicações. Para o barista Lucas Brazil, 22, faltam atrações. Rafaela Musa, 18, voltava de um encontro feminista e pegava um ônibus na Sinimbu para casa. Foi taxativa:
- Quando há programação, elas são sempre na mesma época do ano e quando há algo que atraia toda a comunidade, como a Feira do Livro, ela é transferida para a Estação Férrea, um lugar mais elitizado - reflete a estudante de Direito.
O QUE PENSAM AS AUTORIDADES
Em pauta
Comunidade e autoridades debatem ocupação do Centro de Caxias do Sul
Não há plano de ação para criar atrativos aos domingos
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