Nas duas últimas eleições, empresas investigadas pela Operação Lava-Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras, doaram pelo menos R$ 11,8 milhões, em valores corrigidos (R$ 9,99 milhões, em valores nominais), para candidatos no Rio Grande do Sul. O levantamento, feito a partir de dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que 51 políticos de sete partidos receberam doações legais das empreiteiras (veja aqui quem recebeu as doações).
Em 2010, oito empresas destinaram R$ 6,64 milhões, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para campanhas no Estado. Receberam recursos candidatos a governador, senador e deputado estadual e federal de cinco legendas: PMDB, PP, PSB, PSDB e PT. A verba doada na campanha retrasada pode ser ainda maior. Isso porque, em 2010, era permitido a chamada doação oculta (verba doada por empresas para candidatos ou comitês sem identificar a origem).
Mais dois partidos
No ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a Lava-Jato, o volume doado para políticos gaúchos caiu 22%, mas o número de partidos beneficiados subiu para sete, incluindo DEM e PDT. As doações para postulantes a vagas no Piratini, Senado e Câmara dos Deputados somaram R$ 5,2 milhões.
A redução no montante doado ano passado pelas empreiteiras que são alvo da Lava-Jato pode ser reflexo da operação. É o que pensa o procurador regional da República Douglas Fisher, que coordena a força-tarefa montada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar políticos envolvidos em corrupção na estatal. Segundo ele, a PGR já começou a fazer uma varredura em doações eleitorais declaradas à Justiça em 2010. As empresas envolvidas integravam o cartel formado para fraudar licitações, corromper agentes públicos e desviar recursos da Petrobras, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
Candidatos da cidade na lista
Dois políticos locais que concorreram na última eleição à Câmara dos Deputados estão na lista de beneficiados por doações de empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras, segundo têm apontado as investigações da Operação Lava-Jato. O deputado federal Paulo Pimenta (PT), reeleito com 140.868 votos em outubro, recebeu R$ 310 mil da empreiteira Queiroz Galvão e R$ 10 mil da construtora Carioca Engenharia.
Fabiano Pereira (PT), que concorreu, sem sucesso, a deputado federal nas últimas duas eleições, recebeu R$ 50 mil da construtora OAS para financiar a campanha eleitoral de 2010.
O valor recebido por Pimenta, no ano passado, foi pago em dois momentos e repassado via diretório nacional do partido. Ou seja, a empresa doou um valor para o PT, que o repassou em partes para alguns de seus candidatos. O montante maior, da Queiroz Galvão, foi dividido em duas remessas, uma em 22 de agosto, de R$ 285 mil, e outra, em 24 de setembro, de R$ 25 mil.
- As doações foram feitas por meio do diretório nacional do PT, são doações legais, que respeitam a legislação eleitoral. Na oportunidade, não havia nenhuma investigação sobre essas empresas. Algumas delas eu conheço, porque são grandes empreiteiras, que têm muitos projetos com o governo federal - afirmou, ontem, o deputado Paulo Pimenta.
Na quarta-feira, o Diário tentou contato com Fabiano Pereira, mas não foi atendido nas quatro tentativas nem recebeu retorno ao recado deixado na caixa de mensagens.
Desde os primeiros depoimentos à Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que havia pagamento de propina em obras da estatal que abastecia o caixa do PT, do PMDB e do PP.