A burocracia é um dos pontos citados pelos cervejeiros como uma das maiores complicações para quem deseja transformar o hobby de produzir cervejas em negócio. Carlo Enrico Bressiani, diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte, que promove cursos e especializações para cervejeiros em Blumenau, aponta que há variação entre os estados, mas em lugares como São Paulo o registro para abrir uma cervejaria pode demorar até um ano.
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Em Santa Catarina o processo é mais ágil e pode sair em menos de um mês, mas diversas regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) devem ser seguidas para garantir a segurança da produção.
Cervejas feitas em casa não podem ser vendidas, por isso, quem quer profissionalizar o negócio acaba usando a fábrica de outra cervejaria. É o caso da Belgard, uma das mais de 70 cervejarias ciganas registradas no Brasil. Com receita própria, a microcervejaria de Blumenau usa a fábrica da Itajahy para produzir a bebida.
- Tínhamos espaço ocioso na fábrica e máquinas que ficavam paradas. Com isso decidimos ajudar microcervejarias que buscavam um espaço para produzir mas não podiam fazer o investimento de construir uma fábrica. Além da Belgard, outras duas marcas catarinenses produzem aqui - explica o sócio da Itajahy Alexandre Mello.
Além da burocracia a questão tributária também se torna um empecilho para as microcervejarias:
- A tributação é muito cara para o mercado de bebidas, acima do normal do mercado, e as microcervejarias por lei não podem ser enquadradas no Simples Nacional, o que complica muito a questão dos impostos - conta Charles Ristow, cervejeiro da Belgard.
Conforme explica Bressiani, o valor de imposto em cima da cerveja fica acima da maioria dos outros alimentos. Atualmente, cerca de 56% do valor da cerveja é imposto, mas há a possibilidade de diminuir para cerca de 44% para as microcervejarias, com pequena produção anual.