Um dos desdobramentos da Operação Rodin - um empréstimo de R$ 200 mil para o empresário Lair Ferst, à época investigado pela fraude no Detran e mais tarde condenado pelo esquema - teve como desfecho o arquivamento da suspeita contra a operação de crédito por falta de indícios de crime.
Em julho de 2008, Lair tentou sacar dinheiro emprestado pelo amigo e bancário Nelson Franceschi. Autoridades desconfiaram da transação, o dinheiro foi bloqueado e um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal (PF) para verificar a origem dos valores. Seis anos depois, a Justiça Federal determinou o arquivamento do caso.
Conforme a decisão, não foram encontrados elementos que justificassem a abertura de investigação criminal, além de ter sido comprovada em laudos periciais a origem lícita dos recursos pertencentes a Franceschi.
Havia suspeita de que o dinheiro pudesse ser de Lair, que estaria usando o amigo para "esquentar" o valor. Lair estava com todos os bens bloqueados em função da investigação da fraude do Detran e estaria enfrentando dificuldades econômicas.
Franceschi lamenta a demora para a solução do caso, e se prepara para tentar, mais uma vez, desbloquear os R$ 200 mil apreendidos pela Justiça Federal em 2008.
À época, Franceschi era superintendente de crédito do HSBC, em Curitiba. Entre 2008 e 2012, desde a remessa das ordens de pagamento a Lair, o bancário tentou demonstrar que o dinheiro tinha origem comprovada.
Aposentado diz ser vítima de injustiça
Somente em 2012, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à PF que abrisse inquérito para verificar a suspeita de lavagem de dinheiro. Com a comprovação de que os recursos pertenciam mesmo a Franceschi - oriundos de ganhos com salários, participação em resultados do banco e aposentadoria (FGTS) -, o MPF pediu o arquivamento do caso. A decisão da Justiça, acatando o pedido, é de fevereiro de 2014.
- Lamento que a PF tenha se utilizado de argumentos frágeis para bloquear os valores, situação que causou prejuízos financeiros e morais irreparáveis a mim e meus familiares, com a divulgação midiática de uma suposta lavagem de dinheiro e de suspeitas de meu envolvimento com operação ilícita, sem nenhuma prévia investigação - afirma Franceschi.
E completa:
- É a primeira vez que vejo recursos destinados à aposentadoria serem bloqueados para reembolsar prejuízos causados ao erário por terceiros. Para mim, o MPF e a Justiça Federal seguem cometendo injustiça, bloqueando recursos fruto do meu trabalho.
O esquema
A Operação Rodin foi desencadeada em novembro de 2007, a partir da investigação de uma fraude de R$ 44 milhões (valores da época) no Detran, envolvendo agentes públicos. O processo principal se tornou o maior da Justiça Federal no Estado. Em maio de 2014, 29 pessoas foram condenadas, entre elas, Lair Ferst. Recursos ainda correm na Justiça, que determinou também a devolução de R$ 90 milhões aos cofres públicos. Outras 14 ações relacionadas à fraude ainda tramitam.