Ao contrário das outras fases da Operação Lava-Jato, que acabaram com a prisão de integrantes do PP (o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa é ligado indicado por esse partido) e do PMDB (que indicou o também ex-diretor da estatal Nestor Cerveró), a PF mira agora o PT. Na constelação de alvos dos 62 mandados judiciais autorizados nesta quinta-feira (quatro deles de prisão), o petista João Vaccari Neto é a principal estrela. Por enquanto, constrangido a depor numa delegacia - não está com prisão decretada.
Tesoureiro do PT é alvo de mandado na Operação Lava-Jato
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Ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) - investigada pela PF por ter sido supostamente usada para Caixa 2 do PT - Vaccari é o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (nominalmente conhecido como Secretário Nacional de Finanças) e foi apontado por delatores da Lava-Jato como o homem que recebia propina desviada da Petrobras e a redistribuía a colegas de partido. Um dos que declarou isso, sem meias palavras, é Carlos Alberto Costa, réu na Lava-Jato e "laranja" do doleiro Alberto Youssef.
Em depoimento em agosto passado, Costa falou que Vaccari representava fundos de pensão junto à CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais, empresa-fantasma que o doleiro Alberto Youssef usou para lavar R$ 1,16 milhão do Mensalão, segundo a PF.
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Outro delator, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (diretor da Toyo-Setal, empresa que constrói plataformas para a Petrobras), disse que uma das formas de disfarçar entrega de propina a políticos era doação de campanha. No caso do Partido dos Trabalhadores, isso foi feito via João Vaccari Neto. Ele receberia dinheiro que, na verdade, era suborno pago para o diretor de serviços da Petrobras indicado pelo PT, Renato Duque (que foi preso pela Lava-Jato e agora está solto). Duque era chamado pelos colaboradores de My Way - nome dado à nona fase da operação. O dinheiro seria depois usado para financiar campanhas de correligionários.
Os pagamentos em favor de Renato Duque se deram de três formas:
1) parcelas em dinheiro
2) remessas em contas indicadas no Exterior
3) doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores (PT), recebidas pelo João Vaccari Neto.
Augusto Ribeiro declarou que o dinheiro distribuído aos partidos - no caso do PT, coletado por João Vaccari - era propina disfarçada de doação.
Vaccari sempre negou qualquer irregularidade e diz que as doações foram feitas dentro da lei, pelas empresas. É justamente para ver se as empresas doadoras eram verdadeiras e se as doações eram "quentes" que a PF desencadeou essa ação, entre outros motivos.
Para alívio dos parlamentares com foro privilegiado, ainda não chegou a vez deles na Lava-Jato. A fase mais política da ação da PF deve ocorrer na segunda quinzena de fevereiro.
Os fatos que marcaram a operação: