As prisões dos donos da Arxo, Gilson Pereira e João Gualberto Pereira, e do diretor financeiro Sérgio Marçaneiro, foram revogadas no final da tarde desta segunda-feira, em Curitiba. A decisão é do juiz federal Sérgio Moro. De acordo com o que o advogado da empresa de Balneário Piçarras, no Norte de Santa Catarina, Charles Zimmermann, os três suspeitos de envolvimento em suposto esquema de pagamento de propina pela empresa à BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, havia informado, os executivos seguiram para suas casas, em Itajaí, ainda na noite desta segunda-feira.
Ainda segundo o advogado, Mário Góes, suspeito de ser o operador do esquema do pagamento de propina, que se entregou no domingo à noite na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, foi ouvido pela polícia no fim da tarde desta segunda.
O prazo da prisão temporária se encerraria nesta segunda-feira para o sócio Gilson João Pereira e para o diretor Sergio Ambrósio Marçaneiro e na terça para o sócio-proprietário João Gualberto Pereira - que se apresentou à Polícia Federal na noite de sexta-feira, um dia depois da prisão dos outros dois.
- Esgotadas as diligências de busca e apreensão e colheita de depoimentos, não há mais necessidade da prisão temporária - decidiu o juiz.
Não houve pedido de prorrogação das prisões, o que levou o juiz a determinar a soltura. Entre as medidas restritivas, estão a proibição de que os três deixem o país ou se aproximem da testemunha Cíntia Provesi Francisco. Ela é ex-diretora da Arxo e foi demitida em novembro. Em 12 de janeiro, procurou o Ministério Público Federal e denunciou um suposto esquema de corrupção envolvendo a empresa catarinense - fabricante de tanques de combustível - e a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Entre outras denúncias, Cíntia afirmou que a Arxo recebia informações privilegiadas para garantir os contratos mediante pagamento de propinas de 5% a 10%.
João Gualberto Pereira prestou depoimento na manhã desta segunda-feira. Assim como Gilson e Marçaneiro, ouvidos na sexta-feira, ele negou as acusações e disse que a ex-funcionária fez as denúncias em retaliação à demissão.
:: As restrições
- Comparecimento a todos os atos do processo, inclusive da investigação, mediante intimação por qualquer meio, inclusive por telefone;
- Obrigação de não deixar a residência por mais de 30 dias sem prévia autorização do Juízo;
- Obrigação de não mudar de endereço sem prévia autorização do Juízo;
- Proibição de deixarem o país, sem prévia autorização do Juízo;
- Proibição dos investigados de manterem contato ou promoverem qualquer espécie de intimidação, direta ou indiretamente, contra a testemunha Cíntia Provesi Francisco.
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No começo da tarde desta segunda, a Polícia Federal encerrou o depoimento de João Gualberto. O dono da Arxo reafirmou o que seus advogados disseram na sexta-feira, que a denúncia de Cíntia Provesi é fruto de "vingança" e "revanchismo" por ter sido demitida e investigada por uma auditoria interna da empresa. João Gualberto apresentou documentos de uma auditoria interna que incrimina Cíntia pelo desvio de cerca de R$ 1 milhão e mensagens de celular enviadas pela própria delatora. O conteúdo das mensagens não foi informado.
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A empresa Arxo, que fabrica e monta tanques de combustíveis e caminhões-tanque, tem sede em Balneário Piçarras. Ela tem contratos com a BR Distribuidora há 12 anos. Na quarta-feira da semana passada, foram apreendidos na sede da empresa R$ 3,186 milhões. Segundo os policiais federais, as notas estão divididas em reais, dólares e euros. Além do dinheiro em espécie, também foram apreendidos 518 relógios de luxo.
O depoimento de Mário Góes deve ocorrer ainda na noite desta segunda-feira ou na manhã de terça.
Cíntia disse à Polícia Federal que fazia pagamentos em dinheiro a Mário Góes, que é apontado pela Polícia Federal como o controlador de uma série de contas bancárias secretas no exterior, junto com Pedro Barusco, outro acusado de ser operador do esquema..
Os fatos que marcaram a operação: