O mau humor que predomina nas indústrias também começa a se disseminar em outros setores que vinham com desempenho melhor. Na construção civil, que depois de vários anos ajudando a puxar o emprego registrou resultado negativo em 2014, a projeção é de que em 2015 as demissões continuem superando as admissões.
- As obras estão ficando prontas e não há outras para começar - diz o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado, Ricardo Sessegolo.
Além da economia parada e do crédito mais restrito, há outros fatores atrapalhando os negócios dos construtores gaúchos, alerta o dirigente. Na Capital, ainda haveria dificuldade na liberação de projetos, o que tranca os lançamentos. No Estado, o problema seria a demora para vistoria do Corpo de Bombeiros em prédios prontos, o que também atrasa o habite-se.
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Nos setores de comércios e serviços, que asseguraram o saldo positivo do emprego no Rio Grande do Sul ano passado, o ânimo também não é dos melhores. Juro alto, aumento de impostos, risco de racionamento de energia e o imbróglio envolvendo a Petrobras indicam que o cenário do país em 2015 será recessivo, avalia Ricardo Russowsky, presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços (Federasul). A perspectiva de safra cheia, pondera, pode ser o prenúncio de que o Estado terá a economia com uma performance um pouco melhor ante a média brasileira.
- Com isso, se mantivermos o número de vagas que existe hoje, com um pequeno acréscimo, já estará bom - entende Russoswky.
Baixa criação convive com queda do desemprego
Ao mesmo tempo que a geração de vagas, monitorada pelo Caged, indica a perda do dinamismo do mercado de trabalho, a taxa média de desemprego na região metropolitana de Porto Alegre no ano passado, de 5,9%, foi a mais baixa da série histórica iniciada em 1993.
Apesar de parecerem, os dois resultados não são contraditórios, explica o economista Raul Bastos, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), um dos responsáveis pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), elaborada em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Um dos fatores que ajuda a entender o resultado, observa Bastos, é a redução de 51 mil pessoas registrada no contingente que forma a população economicamente ativa (PEA) na comparação com 2013. Desses, 30 mil são jovens entre 16 e 24 anos que passaram a priorizar os estudos e deixaram de procurar emprego.
- Isso é positivo porque essas pessoas, se estão em condições de se dedicarem apenas aos estudos, terão melhores perspectivas de ingresso no mercado de trabalho no futuro - avalia o economista da FEE .
Com a saída de um grande volume de pessoas da PEA, o número médio de desempregados na Região Metropolitana fechou 2014 em 109 mil, 13 mil a menos do que um ano antes. Assim, destaca o especialista, o baixo desemprego não significa pujança do mercado de trabalho, mas o deslocamento de mais indivíduos para a inatividade. O conjunto de ocupados, por exemplo, foi reduzido em 38 mil pessoas, a maior retração desde o início da pesquisa, em 1983.
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