O número de casos de dengue subiu 57,2% neste ano no Brasil. Em janeiro, foram identificados 40.916 pacientes com a doença. No mesmo período do ano anterior, haviam sido contabilizados 26.017 casos. O aumento, considerado anormal para a época do ano, é atribuído em parte à crise da água. Tradicionalmente, o pico ocorre em abril e maio. Um sinal, para autoridades sanitárias, de que o pior ainda está por vir.
São Paulo é o campeão em número de casos. O Estado tem 17.612 notificações da doença, o equivalente a 43% do total no País. Seis cidades paulistas estão entre as 20 com maior incidência. Trabiju, cidade no interior de São Paulo com 1.650 moradores, registrou em janeiro 111 casos. É a maior relação de casos por habitantes no Brasil.
O aumento atípico para esta época do ano é atribuído, em parte, à crise hídrica.
- É um dos pontos relevantes, daí a necessidade de se redobrar as ações de prevenção nos reservatórios domésticos de água - disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Em 2014, casos de dengue recuaram no Rio Grande do Sul
Dengue atingiu mais de 560 mil pessoas no país no ano passado
Neste sábado, uma segunda edição do Dia D será realizada no país para alertar sobre a necessidade de se adotar medidas para prevenir criadouros do mosquito Aedes aegypti. Chioro disse que foi identificado aumento significativo de casos em cidades onde o abastecimento de água ocorre de forma intermitente. Para driblar as dificuldades no acesso à água, a população passa a armazená-la em locais improvisados.
- Não estamos dizendo para que as pessoas deixem de adotar essa medida. Nem as culpando pelo aumento de casos. Apenas queremos enfatizar a necessidade de cobrir os reservatórios - disse o ministro, que já teve a doença duas vezes.
Além de providenciar cobertura para os reservatórios domésticos improvisados, a equipe do ministério recomenda - no caso de recipientes que já estejam há tempos com água - a limpeza da borda com uma esponja. Quando criadouros são identificados, agentes de saúde devem aplicar larvicidas.
Embora São Paulo apresente o maior número total de casos, é o Estado do Acre que tem a maior incidência. A relação é de 338,3 casos por 100 mil habitantes, um indicador que permite dizer que o Estado enfrenta epidemia da doença. Em 2013, a proporção era de 16,8. Em São Paulo, a incidência explodiu. Era de 4,8 no ano passado e passou para 40 neste ano. É a quarta maior do País, perdendo para Acre, Goiás e Mato Grosso do Sul. Embora as estatísticas tenham saltado, o número de casos graves e de mortes teve uma redução de 83,7% em relação a 2014. Neste ano, foram seis mortes confirmadas até agora.