O laudo pericial sobre a reconstituição da morte do surfista Ricardo dos Santos, realizado pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), comparou as versões de quatro pessoas envolvidas na cena do crime e de uma testemunha. Concluiu, no entanto, que não é possível afirmar se Ricardinho portava um facão no momento da confusão e, consequentemente, se o PM Luis Paulo Mota Brentano agiu em legítima defesa.
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"A exatidão na posição dos envolvidos, bem como a presença ou não de ferramentas em determinados momentos do fato e as palavras usadas pelos envolvidos durante a dinâmica dos fatos, restou prejudicada, haja vista que as únicas fontes de informação para tal serem os depoimentos dos mesmos", relataram os peritos criminais se referindo aos ouvidos.
Vítima estaria próxima de autor dos disparos
Foram reconstituídas as versões do irmão do policial, de Nicolau dos Santos (avô de Ricardinho) e de Mauro da Silva (amigo de Ricardinho), além do próprio soldado Brentano e de Jusinei Wilson Ferreira, testemunha que chegou após os disparos.
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No balanço das informações apresentadas pelos depoentes, os peritos afirmam que a mais plausível sobre a posição e movimentação de Ricardinho no momento dos disparos foi a apresentada pelo irmão: a vítima estaria muito próxima à janela do carro por onde foram efetuados os tiros e teria se "virado para a direita, curvando-se a fim de se proteger dos disparos sequenciais".
A perícia não pôde determinar qual ferimento foi produzido primeiro, o que atingiu Ricardinho pela lateral ou pelas costas.
O documento foi concluído no dia 6 de fevereiro e foi anexado aos autos do processo na Comarca de Palhoça, na segunda-feira.
Trechos do laudo
Confira algumas das conclusões obtidas pelos peritos:
l "Sugere-se, baseado nas versões apresentadas, que Ricardo distava, aproximadamente, de um a dois metros do carro de onde Luis efetuou os disparos de arma de fogo"
l "Não é possível afirmar se Ricardo apresentava, ou não, um facão, pois os depoimentos não apresentaram congruência e tampouco se observou vestígios indicando a presença desta ferramenta"
Crime em Palhoça
Ricardinho foi baleado no último dia 19, depois de uma discussão com o policial militar Luis Paulo Mota Brentano. Levado ao Hospital Regional de São José, depois de 30 horas e quatro cirurgias não resistiu e morreu no início da tarde de terça-feira, dia 20 de janeiro. O policial e a testemunha que estava com o surfista contaram diferentes versões para o motivo dos três disparos. O primeiro alegou legítima defesa e a segunda disse que a ação foi sem justificativa.