Um pedaço do futuro - era assim que muitos chamavam o smartglass (óculos inteligente) produzido pelo Google. Desde de sua divulgação, em 2012, o Google Glass foi considerado o gadget mais desejado do mundo. A tecnologia vestível figurou na lista de melhores invenções do ano da revista Time. Ganhou a mídia, as celebridades e até o universo da moda, quando modelos desfilaram com o adereço na Semana da Moda de Nova York, em 2012.
Google Glass: ascensão e queda de um gadget
Google Glass deixará de ser vendido a consumidores
Quase três anos após seu nascimento, veio a notícia que abalou o mundo da tecnologia: o Google anunciou que o Glass deixaria de ser produzido. Eduardo Pellanda, professor da PUCRS especialista em tecnologia, foi um dos poucos gaúchos que desembolsaram US$ 1,5 mil para ter o óculos. O pesquisador não se sentiu lesado com a decisão da empresa americana:
Leia as últimas notícias de Zero Hora
Leia todas as notícias de Tecnologia
- É importante entender que o Glass não acabou. A equipe continua reunida, e as redes sociais deles estão a mil ainda. Esta fase do experimento, sim, terminou. Um importante diretor foi chamado para continuar o projeto. Por isso, não fiquei chateado. Era um protótipo, um teste, e eu sabia disso.
Tiago Mattos (foto abaixo), um dos fundadores da escola de atividades criativas Perestroika, foi selecionado em 2012 para participar da Singularity University13, projeto da Nasa e do Google que discute tecnologia, tendência e futurismo. Após a experiência, decidiu fundar um braço de tecnologia dentro da Perestroika, que se chama Aerolito, e adquiriu um Google Glass para o laboratório. Para o empresário, o fim da venda no varejo não significa o fim do projeto:
- O Glass não morreu. Está sendo estudado melhor. Deixou um grande legado. Há pelo menos 24 marcas de smartglasses que só existem pela inovação e legado do Glass. A Microsoft, poucos dias depois do anúncio do Google, disse que vai investir no seu smartglass. A Sony tem o seu Head-mounted display, dispositivo de realidade aumentada. O que mostra que vários gigantes querem entrar nesse mercado.
Foto: Arquivo pessoal
Segundo Tiago, o Google é uma empresa que tem uma cultura muito forte de serviços- Gmail, buscador, maps - e não tanto de produto (o contrário da Apple). Para o especialista, a empresa implementou seu pensamento beta em um produto e percebeu que isso não é tão simples.
- A Apple, quando lança um produto, lança prontinho. O Google coloca seu serviço beta no ar e os usuários dão feedback, o que leva a uma manutenção e atualização quase infinita - compara Tiago. - É provável também que a "culpa" do que aconteceu seja do consumidor, que não percebeu o movimento do Google por ter um pensamento industrial, no qual o produto já está pronto para o consumo.
Mais popularidade para ganhar força
Para Pellanda, o Glass falhou ao não mostrar para que serve no uso cotidiano:
- Acho que fracassou onde não chegou, justamente nas mãos dos consumidores. Para hospitais, fábricas ou no jornalismo, descobrimos usos fantásticos. O uso social precisa de novos filtros que ainda não estão claros.
Apesar do fim das vendas do Google Glass, a tendência de wearables (tecnologias vestíveis) parece que chegou para ficar. Pellanda destaca que muitos dos aprendizados do Glass estão sendo utilizados nas tecnologias de Android Wear (relógios inteligentes). Sobre o futuro do óculos, os dois estão otimistas.
- Ele vai voltar. Com outro formato e design - aposta Pellanda.
- Não acho que o Google vai desistir do projeto tão fácil. É a empresa que mais tem conhecimento desse universo - avalia Mattos.
O futuro (ainda) não chegou
Fãs do Google Glass apostam em retomada do projeto
Óculos inteligentes deixaram de ser produzidos
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: