Sócio-proprietário da Arxo, o empresário João Gualberto Pereira Neto está sendo ouvido desde às 9 horas desta segunda-feira pela Polícia Federal em Curitiba sobre a suposta participação da empresa de Balneário Piçarras no esquema de corrupção junto à BR Distribuidora investigado na nona fase da Operação Lava-Jato.
Ele estava em viagem, nos Estados Unidos, na quinta-feira, quando foram cumpridos os mandados de prisão que levaram para a capital paranaense Gilson Pereira, irmão dele e sócio da empresa, e Sérgio Marçaneiro, diretor-financeiro.
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João Gualberto se apresentou no início da noite de sexta-feira na sede da Polícia Federal, quando os demais já haviam dado seus depoimentos. Advogado da Arxo, Charles Zimmermann afirmou ao Diário Catarinense que a defesa do empresário vai seguir a linha do que foi dito por Gilson e Marçaneiro, que negaram as acusações de que a empresa obtinha contratos com a Petrobras através de informações privilegiadas mediante pagamento de propinas de 5% a 10% dos valores totais - conforme depoimento da ex-gerente financeira da empresa, Cíntia Provesi Francisco, ao Ministério Público Federal (MPF).
A defesa da Arxo alega que a ex-funcionária foi demitida em novembro do ano passado, após uma auditoria interna apontar indícios de desvios de valores na empresa de pelo menos R$ 553 mil, utilizando empresas de terceiros para receber o dinheiro. Nota divulgada pela assessoria de imprensa, no sábado, afirma que o valor pode chegar a R$ 1 milhão. Zimmermann afirma que seus clientes têm como provar que Cintia havia prometido retaliação pela demissão.
- Temos mensagens de texto em que ela diz que vai fazer denúncias. Esse material será apresentado hoje à PF - afirma o advogado.
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A reportagem do Diário Catarinense vem tentando contato com a ex-funcionária da Arxo desde sexta-feira, quando o juiz federal Sérgio Moro retirou o sigilo das investigações e foi revelado o teor de seu depoimento - realizado em 16 de janeiro. Cintia não atendeu aos telefonemas e nem retornou as mensagens.
Além de apontar a troca de informações privilegiadas por propinas, em seu testemunho ela também afirmou que os irmãos João Gualberto e Gilson Pereira repassavam propina a cada "dois ou três meses" a Mário Góes, operador do esquema e elo entre a Petrobras e as empresas contratadas. De acordo com ela, foram feitos saques em dinheiro no caixa da empresa de até R$ 7 milhões para pagamentos suspeitos à BR Distribuidora.
No quinta-feira, a PF apreendeu R$ 1,2 milhão e US$ 500 mil na sede da Arxo de Balneário Piçarras. A empresa alegou que parte dos recursos era para pagamentos e o restante seria de uso pessoal de João Gualberto.
Os fatos que marcaram a operação: