A polícia prendeu, na tarde de ontem, o primeiro suspeito de envolvimento na morte do empresário Gentil Marin, 75 anos, na última sexta-feira, em Novo Hamburgo. Cleiton da Silva da Fontoura, 22 anos, é apontado pela polícia como um dos executores do idoso, que foi morto com dois tiros de calibre 22 na cabeça e, depois, teve o corpo incendiado. Ele foi preso enquanto dormia, na casa do pai, na Vila das Flores, Bairro Canudos.
Conforme o titular da Delegacia de Homicídios local, Enizaldo Plentz, em depoimento, o suspeito admitiu que ajudou a interceptar o veículo do empresário mas negou ter participado da execução. E ainda apontou a participação de uma sexta pessoa, além dos cinco já identificados pela polícia, no crime: uma adolescente, um preso de Charqueadas e três executores.
- Ele disse que sua única tarefa foi atacar o carro da vítima e que, depois disso, foi dispensado. Mas identificou nas imagens de um posto de combustíveis os ocupantes de uma moto que compraram a gasolina usada para queimar o corpo do empresário - afirmou o delegado.
O carona, Mauricio Monteiro, 22 anos, era um dos que já haviam sido identificados e está com mandado de prisão decretado. O motorista seria um amigo dele.
- Vamos investigar esta sexta pessoa e acredito que chegaremos a mais prisões em breve - disse Enizaldo.
Cleiton também identificou, através de imagens de câmeras de segurança, Maurício como o condutor do carro que entrou e saiu da casa de Gentil, com a vítima rendida, momentos antes da sua morte.
- Não temos dúvida de que o Maurício é um dos autores do assassinato. Na casa dele, encontramos 13 cartuchos do mesmo calibre que matou o empresário. Ele é considerado foragido - revelou Enizaldo.
Segundo o delegado, o preso também admitiu conhecer a adolescente que tinha um relacionamento com o empresário e seria o pivô da sua morte, a mando do marido, um traficante apenado da penitenciária de Charqueadas. No entanto, não soube informar se ela teria relação com o crime e qual seria a sua participação no plano.
Adolescente negou participação
Com mandado de internação decretado pela Justiça, a menina de 17 anos que teria servido de isca para atrair, extorquir e executar o empresário é considerada foragida da Justiça. No entanto, conforme o delegado Enizaldo Plentz, ela já havia prestado esclarecimentos na delegacia no dia seguinte ao crime, e foi liberada.
- Na ocasião, ela admitiu que tinha um relacionamento com o empresário e se colocou como vítima, dizendo que foi assaltada junto com o namorado. Disse que não conhecia os assaltantes e que eles a teriam liberado e seguido apenas com o empresário - relatou o delegado.
No entanto, ao longo de um depoimento que durou mais de três horas, ao ser confrontada por uma testemunha cuja identidade não foi revelada pela polícia, a jovem acabou confessando que conhecia os criminosos, mas permaneceu negando participação na morte do idoso.
- Como o mandado de internação ainda não havia sido emitido, tivemos que liberá-la, por força da lei, e, agora, ela está foragida - comentou o delegado.
Tanto Cleiton quanto a adolescente também negaram participação nos assaltos praticados na semana anterior à morte do empresário. No mesmo dia, três ataques foram feitos à residência. Foram levados R$ 5 mil e todos os bens, eletrodomésticos e eletrônicos da residência. A polícia atribui os ataques à quadrilha.
Os outros suspeitos de envolvimento no crime ainda não tiveram mandados de prisão preventiva decretados.
Relembre o caso
* O corpo do empresário do ramo náutico Gentil Marin, 75 anos, foi encontrado com dois tiros na nuca e carbonizado, no dia 2 de janeiro, na Rua Arnaldo Schmidt, Vila Integração, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos.
* Ele saiu de Imbé, às 5h do dia 2, para buscar a namorada, com quem retornaria ao Litoral. Por volta das 8h30min, o carro em que os dois estavam foi interceptado por criminosos que executaram o empresário.
* A polícia identificou cinco suspeitos do crime, que teria sido arquitetado dentro do presídio de Charqueadas.
* O mandante seria um traficante, marido da adolescente de 17 anos que forjou um namoro com o empresário para extorqui-lo, segundo a polícia. Outros dois executores também participaram da ação.