Como se não fosse possível prever que o verão chegaria, a Prefeitura de Porto Alegre não conseguiu consertar a tempo o ralo entupido das piscinas do Centro de Comunidade Vila Elizabeth (Cecovi), no Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre.
Acionado pela Secretaria Municipal de Esporte, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) tentou, mais uma vez, fazer a obstrução do ralo na manhã de ontem, sem sucesso.
A falta de condições de obrigará a Prefeitura a contratar uma empresa especializada para efetuar a limpeza. Mas até que a licitação se conclua e o serviço seja executado, o "inesperado" verão estará se despedindo. Resultado: os usuários do bairro ficarão sem refresco nesta temporada.
"Era como se estivéssemos indo para praia"
Vizinhos ao Cecove e habituados a frequentar o centro, a família da dona de casa Márcia Mariano da Silva, 41 anos, fica o dia inteiro de molho na piscina de plástico para fugir do calor.
Passadas quase metade das férias escolares, a filha Ana Clara, 4 anos, e as enteadas Grazieli, 9 anos, Andressa, 12 anos, e Franciele, 15 anos, ainda não passaram do portão de casa. Na falta de recursos para ir ao Litoral, o Cecove era a alternativa de diversão neste período.
- É brabo ficar só em casa. Para nós, era como se estivéssemos indo para a praia, íamos de biquini e canga, era uma festa. Sentimos falta, porque era algo que todos se entretinham. Aqui a nossa piscina não dá para todo mundo entrar ao mesmo tempo - diz ela.
Na casa onde moram, na Vila Elisabeth, a cinco minutos do Cecove, vivem oito pessoas: ela, a filha, três enteadas, o marido Clovis, 60 anos, e outros dois filhos, Clovis Junior, 22 anos, e Rodrigo, 16 anos.
O verão chegou, mas três piscinas públicas continuam fechadas em Porto Alegre
Das sete piscinas comunitárias existentes em Porto Alegre, somente uma abrirá até dezembro
Segurança em primeiro lugar: confira dicas para evitar acidentes com ralos de piscina
Ir para outra piscina sairia R$ 200 por semana
Além de estarem privados da opção de lazer, a família saiu no prejuízo. A conta da água dobrou de valor no último mês porque trocam a água da piscina de 3 mil litros a cada 15 dias. De R$ 60, a conta pulou para R$ 118. Dona Márcia também ficou sem as aulas de hidroginástica e natação.
- Eu sempre ia pela manhã com as gurias, agora ficam mais na piscina de casa ou olhando TV, não tem o que fazer.
Se fosse para ir à outra piscina pública, a opção seria o Cecoflor, no Bairro Jardim Floresta. Porém, para ir de ônibus com a filha e as três enteadas, Márcia teria que desembolsar, por dia, R$ 29,50 contando cinco passagens pra ir e outras cinco para voltar. Se fosse uma semana, pagaria R$ 206,5, valor até mais alto que o preço de mensalidade de clubes particulares.
"Foge da nossa alçada"
O gerente geral da Secretaria Municipal de Esportes (SME), Roberto Antônio Wagner, informa que uma empresa especializada terá que ser contratada para fazer o desentupimento das piscinas. Há suspeitas que vândalos teriam entupido os ralos com roupas. Roberto ressalta que já se tentou passar cabo de aço, que não faz a curva, e, por último, o jato de água, que também não solucionou.
Porém, mesmo estando na segunda metade de janeiro, ele sustenta que não houve atraso por parte da Prefeitura. Segundo ele, as licitações para manutenção das casas de máquinas foram abertas em agosto, porém, não apresentaram interessados. Depois, foram reabertas apenas em 12 de dezembro, a poucos dias do início do verão.
- Há entraves burocráticos que fogem da nossa alçada.
Para complicar ainda mais, a casa de máquinas foi atingida por um temporal.
- Além de consertar isso, tem que pintar, roçar e não há tempo hábil pra tudo isso. Estamos com pouco pessoal, teria que tirar gente das piscinas que estão abertas. A Zona Norte está bem atendida, tem três piscinas públicas.
No dia 20 de janeiro, abrirão as piscinas do Centro de Comunidade George Black (Cegeb), no Bairro Medianeira, e a Comunidade Parque Madepinho (Cecopam), na Cavalhada.