O quarto andar do Planalto tem dois novos ocupantes. Gaúchos, da mesma corrente do PT e chegam para aprimorar o diálogo no governo Dilma Rousseff. Os ministros Miguel Rossetto e Pepe Vargas ganharam missões complementares.
Na Secretaria-Geral, Rossetto será o elo com movimentos sociais. Nas Relações Institucionais, Pepe tentará enquadrar um Congresso de base ampla e pouco fiel. Juntos, terão de conter rusgas e ampliar o apoio a um governo que se inicia com medidas impopulares para ajustar a economia.
A dupla foi escolha na cota pessoal de Dilma, que deixou o padrinho Lula sem representante direto no palácio. O fato desagradou à ala majoritária do PT, já que Pepe e Rossetto são da Democracia Socialista (DS), corrente mais à esquerda do partido. Ao lado de Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, os gaúchos integram o centro nevrálgico da área política. Há dúvidas no PT sobre a relação do trio.
- A presidente leva em conta o que diz o Rossetto, o que não ocorreu nos últimos quatro anos - avalia um interlocutor do palácio.
Para dialogar com movimentos sociais, centrais sindicais, setores da Igreja e entidades empresariais, Rossetto precisará conter descontentamentos pelos cortes de gastos, alguns materializados no maior rigor no acesso a benefícios. Também terá de costurar apoio a projetos como a reforma política.
Já Pepe, desde esta sexta-feira, procurava melhorar a sintonia com um Congresso de 28 partidos, tumultuado pelas denúncias da Operação Lava-Jato. Antes de ser empossado, reuniu-se com o antecessor e Mercadante para discutir o descontentamento do PMDB com a distribuição da Esplanada.
O novo ministro também terá pela frente a missão de trabalhar pela aprovação dos projetos prioritários e para fazer a defesa do governo - a qual já deu início nesta sexta-feira ao se declarar contrário à criação de uma nova CPI da Petrobras.
Miguel Rossetto
Rossetto abraça Gilberto Carvalho na cerimônia de transmissão do cargo
Foto: Wilson Dias, Agência Brasil
- Sociólogo, 54 anos, ligado ao movimento sindical gaúcho, Rosseto é um dos fundadores do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
- Foi deputado estadual e vice de Olívio Dutra no governo do Estado. Com Lula, assumiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Também presidiu a Petrobras Biocombustível, onde ficou até 2014, quando retornou ao MDA.
- Um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, é o novo titular da Secretaria-Geral da Presidência.
Pepe Vargas
Foto: Gabriel Lain, Especial
- Médico, 56 anos, elegeu-se em outubro para o terceiro mandato consecutivo como deputado federal pelo PT. Já foi deputado estadual, vereador e prefeito por dois mandatos de Caxias do Sul.
- Novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação do governo no Congresso e com governadores e prefeitos, Pepe volta ao primeiro escalão de Dilma. Entre 2012 e 2014, ocupou o cargo de ministro do Desenvolvimento Agrário. Discreto, organizado e ágil com os números, impressionou a presidente na Esplanada.