O inquérito sobre as relações do comissário Nilson Aneli com o traficante Alexandre Madeira, o Xandi, apura as informações que ele pode ter acessado a partir da senha que tinha como policial. Uma auditoria está sendo feita para verificar se Aneli buscou dados no sistema Consultas Integradas, quais foram e a que assuntos se relacionavam.
Durante quatro anos, Aneli foi chefe da segurança pessoal de Airton Michels, que comandou a Secretaria da Segurança Pública no governo Tarso Genro. O comissário admitiu a Michels que trabalhava como segurança na casa em que Xandi foi morto, dia 4, em Tramandaí. A informação por revelada por ZH nesta sexta-feira. Aneli negou saber do envolvimento do cliente com o tráfico de drogas.
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Sobre o acesso a informações sigilosas, Michels assegura que Aneli não o tinha. Mas como policial, ele podia usar uma senha comum a integrantes da corporação, que permite consultar informações de todo o tipo, como endereços de pessoas, antecedentes criminais e judiciais, ocorrências, inquéritos, passagens pelo sistema penitenciário, fotos, dados de veículos e laços familiares.
O ex-secretário disse que, eventualmente, solicitava a Aneli ajuda em casos sobre os quais recebia queixa de atraso na investigação, mas nada que envolvesse assuntos sigilosos. Para Michels, Aneli disse que trabalhou com o grupo de Xandi apenas no final de semana em que ocorreu o crime. Teria sido chamado pelo sobrinho de uma ex-mulher, Marcelo Mendes Ventimiglia. A Corregedoria da Polícia apura se o comissário trabalhava havia mais tempo como segurança do criminoso.
Sobrinho de Aneli é réu por roubo
O sobrinho do comissário Nilson Aneli, que seria responsável por convidar o tio para o trabalho de segurança na casa do traficante Xandi, tem antecedentes por roubo a posto bancário, receptação e adulteração de veículo, lesão corporal e ameaça.
Marcelo Mendes Ventimiglia, 31 anos, foi baleado no tiroteio em que foi morto Xandi, em Tramandaí, no dia 4, e segue hospitalizado. Na primeira versão dos fatos, Aneli disse ter sido chamado ao local para socorrer o sobrinho baleado. Depois, surgiu a versão do convite para trabalhar naquele fim de semana.
Ventimiglia teve prisão decretada e deve ser transferido para um presídio quando tiver alta. Em razão das condições pes­soais e de saúde dele, o advogado Procópio de Lima Filho solicitou relaxamento da prisão ou autorização de prisão domiciliar:
- Ele pesa 230 quilos, tem dificuldade de locomoção. Levou dois tiros nas costas que atingiram rim e pulmão, teria que ter uma cama adaptada na prisão.
Em julho de 2013, Ventimiglia se tornou suspeito de assalto a um posto bancário em Balneário Pinhal, no qual um segurança e dois gerentes foram usados como reféns para a fuga.
Em março de 2014, foi preso por isso a pedido da Delegacia de Roubos do Deic. Ganhou liberdade provisória e segue respondendo ao processo criminal.
Ventimiglia trabalhava na produtora de eventos Nível A, cujo um dos proprietário era Xandi. Segundo o advogado, seu cliente atuava como segurança de artistas, por ser "grande, gordo e careca".
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