Corte de gastos do governo vai reduzir atividades da TVE

Manter no ar uma rádio e uma TV com menos de metade de seu orçamento habitual é o desafio da Fundação Piratini, ligada à Secretaria de Comunicação do Estado. Neste mês, houve corte de quase 53%, e a expectativa é de que a redução seja mantida nos próximos meses.

A decisão é reflexo da política do governo de diminuir despesas no primeiro semestre. Presidente da Fundação Piratini (inclui TVE e FM Cultura), Isara Marques disse que transmissões de eventos ao vivo, como o Carnaval de Porto Alegre, deverão ser canceladas. A gestão anterior teria deixado dívida em aberto com a empresa que aluga o caminhão para as transmissões ao vivo, saldo que não poderá ser pago agora.

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Dos R$ 570 mil previstos para janeiro, só R$ 270 mil foram repassados. Segundo Isara, a situação é agravada por dívida de R$ 580 mil deixada pela gestão anterior e de não haver prazo para a retomada do recebimento total.

A informação veio à tona depois do anúncio do cancelamento de um edital para a seleção de cinco séries de televisão para a TVE. O orçamento total do projeto previa R$ 3,9 milhões captados via Fundo Setorial do Audiovisual e Ancine e R$ 300 mil pagos pelo governo estadual. Isara afirma que o edital não foi cancelado em razão da contenção de despesas, mas devido a erros no documento.

A reportagem tentou contato com o ex-presidente da TVE, Pedro Osório, até o início da noite desta quinta-feira, mas não obteve retorno. Por e-mail a ZH, na semana passada, Osório havia criticado a decisão do cancelamento do edital.

O ex-dirigente disse que há dotação orçamentária para o investimento. Para ele, houve uma decisão errada de corte, abrindo mão de recursos que estavam garantidos. "O desembolso da contrapartida não seria imediato, devendo ocorrer somente após a conclusão dos trabalhos. Isto é, no segundo semestre de 2016", escreveu.

Osório também lamentou a opção da atual administração. "A direção desprezou todo o trabalho feito, tornando inúteis os esforços e os investimentos feitos para obtê-lo. (...) Se ainda não ficou claro: o dinheiro seria destinado ao mercado, que produziria audiovisuais voltados aos propósitos da televisão pública", completou.