Uma chuva de pétalas de rosas coloriu o céu e marcou o encerramento, no fim da tarde desta terça-feira, em Santa Maria, das homenagens aos jovens que perderam as vidas no incêndio da boate Kiss, há dois anos. Organizado pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, o ato emocionou quem passou pelo ginásio do Colégio Franciscano Sant'Anna, na região central da cidade.
As flores foram lançadas de um helicóptero alugado por um empresário santa-mariense às 18h50min, quando parentes e amigos dos 242 mortos tomaram a Rua Silva Jardim. Vestidos de branco, eles observaram em silêncio as cores alegrando o céu carregado de nuvens de chuva. O ritual terminou com o toque de uma sirene e aplausos comovidos, de pessoas que dividem histórias muito parecidas e que tentam superar o trauma da perda.
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A agricultora Gladis Zistmann Neu, 53 anos, deixou o interior do Agudo, onde vive, para participar da mobilização. Trazia no peito, estampada na camiseta branca, a foto da filha Bruna, 18 anos, que hoje estaria se formando em Tecnologia de Alimentos, não fosse a Kiss. Perto dela, a secretária administrativa Jaqueline Malezan, 50 anos, segurava uma rosa e pensava no filho Augusto, que também tinha 18 anos quando tudo aconteceu.
- Todos nós perdemos alguém. Eu perdi a minha filha, que tanto amava. Choro todos os dias de saudade e rezo para que seja feita justiça. É por isso que estou aqui - desabafou Gladis.
O silêncio continuou no interior do ginásio, preenchido pelo som da Banda da Força Aérea Brasileira e o talento da violinista Simone Vargas. E calou fundo quando, minutos depois, começou a leitura dos nomes das vítimas, um a um, no compasso do bumbo e do tarol, acompanhados pelo choro de três violinos. O ritual foi aplaudido de pé, e se encerrou com um ato ecumênico e a soltura de 242 balões brancos, representando cada uma das vidas que se fora. E que não voltarão mais.