Preso desde o desembarque no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro na última quarta-feira, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não pretende recorrer à delação premiada. A prisão do ex-diretor ocorreu após ele retornar de viagem de Londres.
Na avaliação da defesa do ex-diretor da área internacional da estatal, não há motivo para que ele faça um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, responsáveis pela condução das investigações no âmbito da Operação Lava-Jato.
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- Não acredito que o Nestor possa fazer uma delação. Os fatos da Lava Jato são pós 2008 e o Nestor Cerveró saiu em março de 2008 da Petrobras. Quem estava na área internacional de 2008 até agora não era ele. Então, não vejo como o Nestor possa contribuir com relação a esse período. Quem deveria ser ouvido são os sucessores dele - afirmou Edson Ribeiro, advogado do ex-diretor, nesta segunda-feira.
Segundo o defensor, embora não tenha previsão de um acordo formal de delação, Cerveró tem contribuído com as investigações. Na semana passada, o ex-diretor prestou depoimento na sede da PF em Curitiba, onde se encontra preso atualmente. Na ocasião, os agentes não teriam questionado sobre a compra da refinaria de Pasadena, Texas (EUA), realizada em 2006 pela Petrobras.
- Ele já fez depoimento parece que hoje de manhã, vai ter outro e depois um específico para falar de Pasadena. Neste caso, será feito a pedido dele. Ele quer falar sobre Pasadena. Ele desde o início se colocou à disposição para falar - afirmou Edson Ribeiro.
- O engraçado é que nem Ministério Público nem a Polícia Federal quiseram ouvi-lo até agora, só depois da prisão. Mesmo assim, ele foi ouvido na semana passada sem nenhuma pergunta sobre Pasadena. Então, ele questionou e disse que quer falar sobre Pasadena também - acrescentou.
O advogado também ressaltou que irá apresentar um novo pedido de habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) até terça-feira. Um primeiro pedido foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na última sexta-feira. Ribeiro alega que não há fundamento para manter seu cliente detido.
O Ministério Público Federal do Paraná justificou o pedido de prisão do ex-diretor da área Internacional dizendo que "há fortes indícios de que ele continua a praticar crimes". Cerveró teve prisão preventiva decretada após movimentação financeira suspeita.
- Gerou desconfiança de que ele se preparava para fugir e a movimentação imobiliária aliada a isso também gerou essa suspeita. Acho que isso totalmente errado tendo em vista que, se ele quisesse fugir, não voltaria para o Brasil. Não há por que mantê-lo na prisão - afirmou o advogado.