O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, foi executado por volta das 15h30min deste sábado (horário de Brasília) - madrugada de domingo na Indonésia. A informação foi publicada pela agência AFP. A agência citou um porta-voz do governo indonésio, que confirmou a execução do brasileiro por tráfico, ao lado de outros cinco condenados. Ele foi o primeiro brasileiro executado por crime no Exterior.
Os seis condenados à morte foram fuzilados na Ilha Nusakambangan, e já teriam "aceitado sua sina", de acordo com o diretor do Conselho Indonésio de Ulemás (MUI), Hasan Makarim. Os ulemás são considerados sábios da religião muçulmana e atuam como árbitros da sharia, a lei religiosa islâmica. Makarim estaria provendo os detentos de aconselhamento religioso antes da execução.
- Todos estão prontos e nenhum deles pediu revisão da sentença antes da execução. Eles disseram ter aceitado a decisão legal indonésia - afirmou.
A família do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, fez a última visita ao parente neste sábado, na Indonésia. A tia e parente mais próxima de Marco, Maria de Lourdes Archer Pinto, 61 anos, deve ser a última a vê-lo antes do fuzilamento. Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, ela afirmou não acreditar mais na desistência da ação, embora a presidente Dilma Rousseff tenha ligado para o chefe de Estado indonésio, na sexta-feira, e pedido clemência a Moreira e a Rodrigo Muxfeldt Gularte, brasileiro cuja execução está marcada para fevereiro:
- Eu ainda tinha esperança de que a coisa pudesse mudar. Agora, só Deus.
Maria de Lourdes prometeu levar doce de leite para o sobrinho antes da execução, que estava programada para ser feita por um grupo de 12 policiais. O condenado poderia estar acompanhado pelo advogado e por algum líder espiritual, oferecido com base em suas crenças.
O brasileiro, que era instrutor de voo livre, foi condenado à pena de morte por tráfico de drogas em 2004, um ano depois de ter tentado entrar no país asiático com 13,4 quilos de cocaína.
Como funciona a execução na Indonésia
Da prisão, a polícia conduz o detento até o local de execução. Ele pode escolher estar acompanhado por um líder espiritual de sua religião e de seu advogado.
Depois disso, o preso é encapuzado ou vendado, e tem os pés e as mãos amarrados a um tronco. Ele escolhe entre ficar em pé, sentado ou ajoelhado.
Um grupo de 12 atiradores de elite forma um semicírculo a uma distância entre cinco e 10 metros do detento. Um comandante dá a ordem para que os tiros sejam disparados. Entretanto, dos 12 atiradores, apenas três têm armas carregadas para que não se tenha como saber quem deu o tiro fatal.
Quem são os condenados executados:
Ang Kiem Soel, 62 anos, holandês
Daniel Enemuo, 38 anos, nigeriano
Namona Denis, 48 anos, malauiano
Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, brasileiro
Rani Andriani, 39, indonésia
Tran Thi Bich Hanh, 27 anos, vietnamita
ZH Explica: brasileiro será executado na Indonésia