Após 53 horas de perseguição aos dois irmãos suspeitos do ataque a Charlie Hebdo, que acabaram mortos, assim como um outro possível comparsa, teve fim, nesta sexta-feira, a megaoperação de intensas buscas e mobilização de mais de 88 mil policiais.
Unidades de elite da polícia os cercaram Dammartin-en-Goële. Com 8 mil habitantes, a cidade que fica próxima ao aeroporto internacional de Paris, Charles de Gaulle, viveu um dia em estado de sítio, com ruas desertas, lojas fechadas e acessos rodoviários bloqueados pelas forças de ordem.
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Mesmo com o fim da mobilização policial, o estado de vigilância e atenção continua na França. Em discurso na noite desta sexta-feira em Paris (20h, horário local), o presidente da François Hollande pediu pela união dos franceses contra o terrorismo e apelou por vigilância. Segundo ele, as ameaças não acabaram e é preciso atenção máxima contra novos atentados.
- A França sabe que não acabaram as ameaças. Gostaria de apelar por vigilância e mobilização. Temos de ser cuidadosos, cautelosos. Quero fazer um apelo à união, à unidade. Temos de mostrar nossa determinação de lutar contra tudo que pode nos dividir.
A França está em comoção desde o ataque, na quarta-feira, em que morreram os caricaturistas mais famosos do país, entre eles, Wolinski, Cabu e Charb. Quatro dos onze feridos, cujo estado de saúde era considerado grave, não correm mais risco de morrer, segundo o Ministério do Interior francês.
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Após um dia de luto nacional, celebrado nesta quinta-feira, em que circulou em todo o país o slogan "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie) e foi realizado um minuto de silêncio, os imames franceses foram exortados pelas grandes federações muçulmanas a condenar, "com a maior firmeza a violência e o terrorismo" em suas pregações desta sexta-feira.
No próximo domingo, haverá grandes "marchas republicanas" em todo o país, convocadas pelos principais partidos políticos, sindicatos e associações das grandes federações muçulmanas.
Vários chefes de Estado confirmaram sua participação na manifestação em Paris, como os chefes de governo espanhol, Mariano Rajoy; e italiano, Matteo Renzi; a chanceler alemã, Angela Merkel; o premiê britânico, David Cameron; e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Os sobreviventes do massacre na redação do Charlie Hebdo anunciaram que, na próxima quarta-feira, será posta à venda uma edição especial de um milhão de exemplares da revista satírica, na qual começaram a trabalhar nesta sexta na sede do jornal de Libération.
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O que aconteceu
Três homens atacaram a sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris, matando pelo menos 12 pessoas. Os homens encapuzados, armados com fuzis Kalashnikov, entraram no escritório por volta do meio-dia (9h de Brasília) desta quarta-feira e abriram fogo, deixando 12 vítimas fatais - 10 jornalistas e dois policiais
Pelo menos cinco pessoas estão em estado grave. Após trocar tiros com a polícia, os terroristas fugiram do local em um carro dirigido por uma quarta pessoa em direção ao nordeste de Paris. As informações são do jornal The Guardian e da BBC News. Entre os mortos, estão o jornalista, cartunista e diretor do semanário, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb, e três cartunistas: Cabu, Wolinski e Tignous.
Charlie Hebdo é uma revista satírica semanal conhecida pelo envolvimento em polêmicas. Um dos seus últimos tweets foi uma charge do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. O semanário já havia sido alvo de outros atentados: em 2011, a sede foi incendiada após a publicação de charge sobre o profeta Maomé.
Al-Baghdadi representado em charge recente da revista
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Vídeo mostra terroristas executando policial na saída da sede:
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* Zero Hora com agências