O núcleo político dos réus condenados no processo do Mensalão, como ficou conhecida a Ação Penal 470, já está praticamente todo fora da cadeia. Dos principais políticos condenados, apenas o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e o delator e ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) cumprem pena em regime semiaberto - quando o preso passa o dia fora da cadeia para trabalhar, com retorno à noite para dormir.
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No caso de Cunha, o pedido de progressão de regime - para que o réu migre do semiaberto para aberto - foi negado porque o ex-deputado ainda não efetuou o pagamento dos recursos desviados, estimados em R$ 536.440,55 pelo Supremo Tribunal Federal.
Jefferson, que foi o delator do esquema de corrupção, teve seu pedido de progressão de regime - também do regime semiaberto para aberto - negado pelo plenário do STF em agosto do ano passado. O ex-parlamentar, preso em fevereiro de 2014, ainda não cumpriu o tempo mínimo previsto para mudar de regime. ê necessário que o preso tenha cumprido, pelo menos, um sexto da pena e que tenha bom comportamento carcerário para requisitar a mudança. Jefferson alegou ao Supremo sofrer de problemas de saúde para justificar o cumprimento de prisão domiciliar.
O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-presidente do PL (atual PR) Valdemar Costa Neto cumprem o restante da pena em regime aberto - quando o preso cumpre pena em casas de albergado ou em prisão domiciliar.
Em todos os casos, os ministros do Supremo entenderam que houve o cumprimento mínimo de pena e que os réus tiveram bom comportamento carcerário.
:: Dirceu tenta recuperar poderes dentro do PT
Disposto a medir forças dentro do PT e a escancarar críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenta reaglutinar o seu grupo no partido. Dois anos após ser condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em casa desde novembro, Dirceu recebe com frequência deputados, senadores e dirigentes que se queixam do governo e pregam mudanças na legenda.
Os movimentos do petista têm o objetivo de articular a formação de um novo campo político no PT, que pode culminar em seu afastamento da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.
Embora tenha sido condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu ainda se considera forte no PT e quer reunir, após o carnaval, militantes de diferentes tendências. Até agora, ele já conversou com cerca de 30 deputados, sete senadores e correligionários de vários Estados em sua casa no Lago Sul de Brasília, onde cumpre a prisão domiciliar.
De passagem
Apenas dois ex-deputados condenados no Mensalão continuam na cadeia
Mesmo em prisão domiciliar, o ex-ministro José Dirceu tenta recuperar poderes políticos dentro do PT
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