Aplicado pela Polícia Civil em Evandro Wirganovicz no dia 21 de maio deste ano, o Analisador de Voz Multicamadas (AVM), conhecido popularmente como teste detector de mentiras, apontou que o irmão de Edelvânia, preso sob acusação de ter ajudado a matar o menino Bernardo Uglione Boldrini, pode ter mentido quando disse que não se envolveu no crime. Ele está recolhido ao presídio de Três Passos e responde, junto com Edelvânia, Graciele Ugulini (madrasta) e Leandro Boldrini (pai), por homicídio qualificado.
Em três partes da entrevista, Evandro mostrou-se estressado, desconfortável e indicou possibilidade de mentir quando questionado sobre o planejamento do assassinato de Bernardo, os responsáveis por abrir a cova que enterrou o menino em Frederico Westphalen e se ele soube antes do dia 4 de abril que o garoto seria morto.
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Veja a seguir o que ele disse e as conclusões feitas pela polícia após analisar itens como oscilações emocionais, estresse, tensão, excitação, exagero, desconforto e conflito cognitivo do réu.
VÍDEO 1: planejamento do crime
Evandro: "Eu acho que foi a ilusão do dinheiro. Ela (Edelvânia) é uma pessoa de bem, sempre ajudava os outros e, de repente, foi cair numa barbaridade dessas. Foi feita a cabeça dela, né."
Laudo: sobre se sabia do planejamento do crime, há desconforto por parte do entrevistado e segmentos de fala inconclusivos.
VÍDEO 2: quem cavou o buraco?
Evandro: "Não sei, doutor. Pelo que consta nas notícias, foi a minha irmã que cavou."
Laudo: de acordo com a análise do programa, Evandro obteve altos níveis de estresse quando questionado acerca do buraco que foi cavado. Isto evidencia que este assunto é um problema para ele. Nos segmentos pontuais da fala, Evandro sente-se desconfortável quando afirma não ter cavado o buraco e que teria sido sua irmã.
VÍDEO 3: sabia que alguém seria morto?
Evandro: "Não senhor. (...) Não tenho participação nenhuma. Meu único erro foi no dia que fui dar depoimento, ter dito que não estava pescando lá, e eu estava com medo, depois que fiquei sabendo da notícia, de ser preso."
Laudo: de acordo com a análise do programa, Evandro sente-se constrangido com a pergunta. Há imprecisão com indicação de risco de mentira na resposta. Evandro fala a verdade que ficou com medo de ser preso e por isso mentiu no depoimento à polícia. Há indicação de risco de mentira de fala em que Evandro diz não ter nenhuma participação no crime.
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Evandro não negou crime à mulher
Evandro Wirganovicz no crime à esposa, conforme documento obtido por ZH. A delegada Carolina Bamberg, que conduziu as investigações do assassinato, disse à Justiça que a mulher do réu suspeitou e o confrontou após o corpo do menino ser achado, em 14 de abril, e ouviu o seguinte:
"Ela disse que também suspeitou dele quando ficou sabendo dos fatos. Confrontou ele e ele somente chorou, ele não falou nada, não falou que não, somente chorou", relatou Caroline Bamberg.
Segundo o advogado dele, Hélio Sauer, a mulher de Evandro foi inquirida sem defensor e prestará novos esclarecimentos no dia 18 de setembro:
- Ele chorou de raiva (de Edelvânia) de colocar ele no crime. Ela (esposa) vai esclarecer isso, já que falou sem a presença de advogado e foi enrolada. Quanto ao detector de mentiras, é óbvio que ele estava estressado, não tem a mínima importância para incriminá-lo.
Doraci Wirganovicz falou à Justiça na terça / Crédito: Marcelo Oliveira
Mãe diz que Evandro é inocente
Na última terça-feira, em depoimento à Justiça em Rodeio Bonito, Doraci Terezinha Wirganovicz, mãe dos irmãos presos, sustentou que o filho é inocente e que Edelvânia tinha condições de abrir uma cova, já que "trabalha com tudo, fazia buraco, cerca, ajuda a família em casa".
Doraci confirmou que Edelvânia chegou à casa dela, nas proximidades do local da cova, com uma pá e uma cavadeira, na semana em que menino foi encontrado morto. O motivo era "abrir o terreno e encanar água". Porém, Doraci falou ter sentido "uma dor no peito" ao ver as ferramentas:
- Não perguntei nada a ela, a família é inocente, ninguém sabia de nada. Foi aquela mulher (a madrasta, Graciele Ugulini) que botou coisa na cabeça dela. Ele (Evandro) demorou no rio pescando, estava de calçado e calça comprida. Vi ele embalando minhoca. Trouxe uns quantos peixes. O meu filho é inocente, não sabia de nada do que ela estava planejando, eu sou a mãe dele e estou falando a verdade.
O detector de mentiras
O programa AVM 6.50, baseado na tecnologia AVM (Analisador de Voz Multicamadas), de análise profissional de níveis de emoções, é uma ferramenta que detecta os vários níveis ou estados emocionais de uma pessoa.
A tecnologia indica as oscilações emocionais e, em última análise, detecta impressões digitais da atividade cerebral. Ela consegue concluir sobre o indicativo e a probabilidade de a pessoa estar mentindo quando questionada sobre perguntas relevantes em uma investigação policial.
Como teria ocorrido o crime: