A polícia trabalha com a hipótese de um crime planejado, que pode ter garantido uma queima de arquivo para traficantes da Zona Norte de Porto Alegre, o assassinato de Tiago Roberto da Silva Barbosa, 28 anos, na noite de domingo. Ele foi executado com diversos tiros diante do filho, de seis anos, e da esposa. Eles estavam em um Cerato branco que foi crivado por pelo menos 17 disparos. Entre esses tiros, um dos braços do menino foi atingido. Ele foi socorrido e não corre risco de vida.
Eram em torno de 21h30min de domingo, quando a família chegava à Vila Santa Rosa, no Bairro Rubem Berta, depois de supostamente visitarem parentes em Gravataí. De acordo com a polícia, quando chegavam à Avenida Bernardino Silveira Amorim, teria iniciado uma perseguição. Um carro preto, possivelmente um Civic, teria se aproximado do Cerato e iniciaram os disparos. Conforme o delegado João Paulo de Abreu, da 3ª DHPP, todos os tiros teriam atingido a lataria e o vidro pelo lado esquerdo do carro de Tiago.
Execução relacionada ao tráfico
Ferido, ele acabou parando o carro e, desesperada, a mulher fugiu com o menino nos braços. De acordo com relatos colhidos no local pela Brigada Militar, Tiago ainda teria saído do veículo, mas foi baleado outras vezes e morreu no local.
- Pelas características do crime, foi uma execução possivelmente relacionada ao tráfico de drogas. A vítima era investigada por esse envolvimento criminoso tanto nessa região quando em Gravataí - explica o delegado responsável pela investigação.
Como foi
A polícia ainda apura a possibilidade de que, ao sair do carro, Tiago tenha também atirado contra os matadores. Testemunhas chegaram a relatar que ele carregava duas armas no carro. Mas nenhuma delas foi achada.
- Há a possibilidade de que pessoas da região tenham levado essas armas do carro, mas não encontramos nada que comprove isso até o momento - diz o delegado.
O carro dirigido por Tiago teria parado cerca de 300m distante de onde ele caiu. É que teria ficado engatado na marcha ré e só parou ao colidir em uma parada de ônibus. Com chuva, a avenida estava vazia naquele momento.
Tiago Roberto tinha antecedentes por tráfico, posse de drogas, porte ilegal de arma e receptação. Segundo o delegado, ainda não há pistas sobre os possíveis atiradores.
Denúncias podem ser feitas de forma anônima para 3347-2177 ou 181.
Tiago prestaria depoimento à Justiça
Nesta semana, Tiago Roberto provavelmente fosse ouvido pela Justiça no processo que respondia desde 2013 por tráfico de drogas na Zona Norte. Preso pelo Denarc na época, ele estava em liberdade desde janeiro. Agora, a 3ª DHPP investiga a possibilidade de que o seu assassinato tenha alguma relação com o que pudesse revelar à Justiça.
- Não podemos descartar nada neste momento. Vamos apurar quais eram as ligações dele hoje, no crime - diz o delegado João Paulo.
Meses atrás, o irmão de Tiago, conhecido como Boquinha, teria sofrido uma tentativa de homicídio também na Zona Norte de Porto Alegre.
No final de 2012, os dois, com outros sete comparsas, foram alvo da Operação Norte, do Denarc, que desarticulou uma quadrilha de traficantes que, supostamente, vendia drogas entre a Vila Santa Rosa, no Bairro Rubem Berta, e parte do Bairro Sarandi, na Zona Norte.
O grupo ainda fornecia drogas e mantinhas gerentes em pontos de tráfico de Gravataí e Cachoeirinha. Conforme a apuração do departamento na época, Boquinha seria o cabeça do bando e Tiago, um dos seus gerentes. Eles foram denunciados pelo Ministério Público por tráfico, associação para o tráfico e formação de quadrilha.
Entre os contatos daquele grupo, estaria até mesmo Gilmar dos Santos, o Nenê, um dos criminosos que chegou a figurar entre os mais procurados do Estado. Em 2012, Nenê, que estava foragido no Paraguai, morreu ao tentar roubar uma joalheria no país vizinho.