O Beira-Rio está reaberto. E da melhor forma possível para os colorados. Com dois gols de Fabrício e outros dois de Rafael Moura, o Inter bateu o Caxias por 4 a 0 na noite deste sábado, no primeiro jogo do estádio após a reforma.
Se nos 45 anos de história o Estádio Beira-Rio contou com gols como o de Figueroa para o título Brasileiro de 1975, do atacante Nilson no Gre-Nal do Século de 1989, do volante Tinga na primeira taça da Libertadores, em 2006, ou Rafael Sobis, quatro anos depois, na nova conquista da América, o torcedor colorado terá de incluir um certo camisa 6 em sua lista de gols inesquecíveis.
Com um cabeceio certeiro, à esquerda do bom e aplicado goleiro Douglas, aos 21 minutos do primeiro tempo, o lateral-esquerdo Fabrício marcou o seu nome na história de um Inter ansioso e sedento por estar novamente em seus domínios. Jogadores, comissão técnica, direção, os 10 mil torcedores que estiveram presentes ao primeiro evento-teste do Beira-Rio não aguentavam mais esperar. Afinal, os 447 dias longe de casa fizeram diferença para os times montados no último biênio.
Quando às 19h54min o chileno Charles Aránguiz alçou a bola na área do time da Serra, a alegria e a euforia por assistir a uma bola balançar o fundo da rede na goleira ao lado do Gigantinho deixou para trás o susto do quase rebaixamento na temporada passada ou os problemas de vestiário em 2012.
- Estou sem palavras. Entrei para a história do Inter - resumiu Fabrício à saída para o vestiário, no intervalo, após receber os cumprimentos de todos os companheiros.
Enquanto a torcida colorada mostrava que seguia em forma com os conhecidos cânticos das arquibancadas, o novo Beira-Rio viu em campo um Inter azeitado. Boas trocas de bolas pelo meio de campo, triangulações com jogadas pelas laterais, marcação na saída de bola adversária. Um time que começa a refletir os pensamentos e ensinamentos de Abel Braga.
Um time que suja o calção, como aos 30 minutos, quando Paulão, D'Alessandro e Jorge Henrique atiraram-se em carrinhos para que o Inter reassumisse a posse de bola em um primeiro tempo dominado pelo Inter. Além do gol histórico de Fabrício, ao menos duas vezes o Inter poderia ter aumentado o marcador. Uma com Rafael Moura, que já havia passado da bola após cruzamento de Fabrício, aos 18, e outra um pouco mais tarde, com Alan Patrick, aos 29, em chute que explodiu na trave de Douglas.
A festa ainda marcaria a redenção de um centroavante. Se na partida contra o Cruzeiro Rafael Moura entrou em atrito com a torcida no Estádio do Vale, o Beira-Rio foi palco para que o camisa 11 selasse as pazes com a arquibancada.
A aposta em Rafael Moura começa a mostrar que Abel Braga não apenas conhece o atacante que se consagrou como um de seus artilheiros no Fluminense, em 2012, mas que Leandro Damião poderá ser esquecido em muito breve.
O segundo tempo mal havia iniciado e, com um minuto, Rafael Moura ampliou. D'Alessandro começou a jogada, a bola acabou em Aránguiz, na esquerda, o camisa 20 levantou na área e Moura apenas deslocou Douglas. O segundo de Rafael Moura foi uma pintura. Não apenas pelo toquinho, sútil, para a bola morrer no gol com 19 minutos da etapa final. Mas pelo passe por cobertura, milimétrico, de D'Alessandro para vencer a zaga do Caxias.
Os 3 a 0 no placar reduziram a impetuosidade do Inter na partida. Para as arquibancadas, isso não era problema. Regidos pela Popular, os cantos da torcida seguiram até o final. Sem parar um minuto sequer. E os gritos não podiam mesmo parar. Fabrício acertou um chute de fora da área aos 45 da etapa final e corou o retorno do Beira-Rio. Era a volta do Gigante. O novo e diferenciado encontro do Inter de Abel Braga com sua torcida. A volta do palco dos principais títulos do Inter.
Gauchão - 8ª rodada - 15/2/2014
INTER (4)
Muriel; Claudio Winck, Paulão, Juan (Ernando) e Fabrício; Willians, Aránguiz, Alan Patrick (Valdívia), D'Alessandro e Jorge Henrique (Otávio); Rafael Moura.
Técnico: Abel Braga
CAXIAS (0)
Douglas; Max (Leo), Tiago, Jean e Dieyson; Baiano, Alisson (Karl), Wallacer e Rafael Carioca; Julio Madureira (Maylson) e Lucão. Técnico: Antônio Picoli.
Gols: Fabrício, a 21' do 1° e a 45' do 2°; Rafael Moura, a 2' e a 19' do 2° (I)
Cartões amarelos: Aránguiz, Willians, Paulão (I), Dieyson, Alisson, Karl (C)
Público: Não divulgado
Arbitragem: Anderson Daronco, auxiliado por Alexandre Kleiniche e Julio de Freitas.
Local: Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)