Lançamento de modelos a todo momento e preços não muito amigáveis tornam o mercado de aparelhos eletrônicos cada vez mais parecido com o de carros. A semelhança se acentua com uma nova tendência: o comércio de telefones e tablets usados.
Apelidada de recommerce, a negociação feita pela internet se intensifica depois de um Natal em que os celulares e tablets estiveram entre os principais presentes. A prática que se tornou comum nos Estados Unidos ganha força também no Brasil com a chegada do Brused, plataforma de uma startup que compra celulares e tablets usados. Sim, não faz só intermediação, compra mesmo.
A promessa da empresa é fazer mais rápido uma negociação que poderia levar mais tempo em outros canais, como sites de ofertas de produtos usados. Depois de poucos meses trabalhando como vendedores de celulares em um shopping da capital paulista, os amigos Eric Fuzinati e Bruno Fuschi enxergaram no recommerce a chance de abrir o próprio negócio.
- Quando vão para sites de classificados, as pessoas encontram compradores pedindo desconto ou condições de pagamento absurdas. A nossa proposta é ocupar o meio de campo - explica Fuzinati.
No ar há dois meses, o site já fechou 150 negociações em diversos Estados. A ideia agora é ampliar o serviço e comprar também outros tipos de aparelhos e acessórios.
O programador gaúcho Diogo Nunes foi o primeiro cliente da dupla no Brasil. Depois de comprar um iPhone 5s, modelo de última geração da
Apple, decidiu passar adiante o aparelho antigo - que havia adquirido menos de um ano antes. Sem paciência para procurar um comprador em sites de anúncio, optou pela praticidade do serviço, mesmo sendo obrigado a receber um valor mais baixo:
- Vendi por menos, mas não perdi tempo. Mandei pelo correio e, no outro dia, o dinheiro estava na conta.
Para Pedro Guasti, diretor-geral do E-bit, site especializado em comércio eletrônico, a ideia tem tudo para vingar no Brasil com a grande expansão no número de pessoas com smartphones, mas ressalta que o país ainda está em estágio anterior porque, em geral, os produtos têm preços muito altos.
- No Brasil, o número de usuários de produtos de ponta é bem menor. Mas se levarmos em conta a quantidade de lançamentos, a vida útil de cada aparelho é de menos de 12 meses. É, sem dúvida, uma oportunidade - diz.
Quando vale a pena
Por que usar ou não o serviço de site de revenda de eletrônico
Vantagens
Tempo: a negociação costuma ser mais rápida. Depois que o acordo é fechado, leva menos de dois dias para o dinheiro entrar na conta do vendedor.
Dinheiro na hora: o pagamento é feito à vista.
Desvantagens
Preço: em troca da agilidade, sites especializados em revenda de eletrônicos costumam pagar um preço abaixo de mercado.
Sem barganha: os preços são pré-fixados, variam entre R$ 450 e R$ 850, conforme o modelo e o estado de conservação. Mesmo que o aparelho esteja em condições muito boas, o usuário que pretende vender o equipamento não consegue negociar um valor maior.
Serviço limitado: por enquanto, apenas alguns modelos de telefone e iPads são negociados. Em outros países, a revenda de acessórios e outros equipamentos já é comum.
A comparação
Ofertas por iPhone 4 usado
Brused: compra o aparelho por R$ 560 a R$ 640, conforme o estado de conservação
OLX : internautas pedem de R$ 650 a R$ 1 mil
Mercado Livre: modelo com preços de R$ 770 a R$ 1,1mil
Detalhe ZH
Nos Estados Unidos, o serviço de revender aparelhos eletrônicos já é bastante comum. Os maiores são Gazelle e Depstar. Além deles, a Apple costuma comprar aparelhos usados quando lança algum novo produto. A ideia é que o vendedor aproveite para investir nos novos gadgets.
*Colaborou Ângelo Passos