As paradas de ônibus estão vazias, mas as de lotação e os pontos de táxi tiveram forte movimento ao longo das avenidas Borges de Medeiros e Salgado Filho, no centro de Porto Alegre. Com a postergação da greve dos ônibus, a comunidade de vans clandestinas aumenta e até alguns carros passam a oferecer caronas a estranhos.
Nesta manhã não circularam nem 10% dos ônibus esperados. Após assembleia dos rodoviários nesta quinta, houve a sinalização de que 50% da frota atenderia a população. Mas hoje cedo as saídas das garagens foram bloqueadas por grevistas.
A monitora de escola infantil, Sandra Dias, mora no bairro Partenon e logo viu que não haveria metade da frota de ônibus funcionando. Para chegar na consulta médica agendada, precisou correr com uma lotação e mais um táxi para chegar no horário. Na hora de retornar, foi abordada por um homem desconhecido com o carro estacionado na Borges de Medeiros.
- Ele me ofereceu carona até o Partenon, por 5 reais. Mas é ruim ir até lá com uma pessoa que a gente não conhece, né? - explicou.
Daisi Goularte ficou sabendo que não haveria ônibus novamente logo no início da manhã. Ela sai do bairro Jardim Ipiranga, vai ao Centro e depois até a Azenha para poder trabalhar. Ao invés de duas viagens de R$ 2,80, ela gasta quatro de R$ 4,20, um total de R$ 11,20 a mais por dia. O semblante da enfermeira de 57 anos mostrava conformidade com a situação:
- Enquanto houver maneiras de ir trabalhar, eu vou. Sem problemas.
O auxiliar comercial Charles Costa estava na parada da lotação na avenida Diário de Notícias quando foi surpreendido por uma "cobradora" de van clandestina oferecendo o trajeto até o centro por R$ 3,50. Precisando pagar contas e vendo uma oportunidade de economizar, ele não titubeou:
- Sei que é ilegal, mas é o jeito, né! Tu tens que se virar.
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