As escolas do Rio Grande do Sul amargam uma presença discreta na elite da educação do país, segundo os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012.
Entre os 100 estabelecimentos que mais pontuaram na soma das quatro provas, excluída a redação, há apenas dois gaúchos, ambos federais. Na mesma lista, figuram 37 escolas paulistas, 26 fluminensese e 17 mineiras. O melhor colégio particular gaúcho aparece apenas na 111º posição.
Veja aqui a colocação das escolas gaúchas no ranking nacional
Não é apenas no topo que a performance dos estudantes do Rio Grande do Sul desaponta. Eles também tiveram resultados modestos na média. Levando em conta o desempenho geral de todas as escolas de Ensino Médio, públicas e privadas, o Estado alcançou apenas a oitava colocação, na comparação com as outras 26 unidades da federação. Tiveram notas melhores no Enem os alunos de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Na edição anterior, o cálculo informal das médias já havia colocado o Rio Grande do Sul em oitavo lugar. Um ano antes, era o quarto melhor.
Para completar o desempenho apagado, nem a redação salvou os gaúchos. Só um colégio do Estado, o Cenecista João Batista de Mello, de Laejado, aparece entre os 100 do país com melhores notas - e na 99ª posição. Os dados do Enem de 2012 somam-se a uma série de outros indicadores educacionais a lançar, nos últimos tempos, um alerta para a qualidade do ensino - especialmente do Ensino Médio - oferecido no Estado.
A secretária-adjunta da Secretaria Estadual de Educação Maria Eulalia Nascimento afirma que o Enem é importante porque permite que a escola faça uma avaliação do seu trabalho, mas ainda está longe de ser um balizador para um ranking de desempenho nacional. Ela classificou ainda o fato de ter apenas uma escola gaúcha entre as 100 melhores no quesito redação como algo preocupante:
- É por isto que estamos trabalhando no fortalecimento do Ensino Médio. No dia 9 de dezembro, assinaremos o Pacto Pelo Fortalecimento da Educação no Ensino Médio, lançado nesta semana pelo ministro da Educação. Se não fosse tão preocupante não haveria toda esta movimentação.
Para o presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, os resultados devem ser olhados com reserva. Ele lembra, por exemplo, que a prova foge um pouco da realidade gaúcha em alguns quesitos, como na prova de literatura que esquece de autores locais.
- É preocupante o fato de ranquearmos as instituições em função do resultado do Enem. Tem algumas escolas que não julgam que isto seja o mais importante, outras inscrevem os seus melhores alunos. A nota é mais um indicativo que o pai ou aluno devem levar em conta, mas não é só isso. Existem situações que o Enem não mede - disse o presidente.
Os dados foram divulgados pelo Inep (órgão do Ministério da Educação responsável pelo exame) nesta terça-feira. Os resultados são obtidos a partir do desempenho dos estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de escolas públicas e particulares. Não foram consideradas escolas com menos de 10 alunos participantes do Enem.