O e-mail é o endereço eletrônico. Como Zero Hora põe no frontispício da minha coluna meu e-mail, põe à disposição dos leitores a comunicação comigo.
Então, correm muitos e efusivos elogios de leitores, mas, como a banca paga e recebe, vêm de sobrecarga ofensas de alguns pouquíssimos leitores.
E algumas são covardemente ofensivas. Não teriam coragem de fazê-las pessoalmente a mim, escondem-se assim atrás da correspondência, não consigo alcançá-las com os olhos, embora eu deva confessar que não se escondem no anonimato, assinam seus nomes, sabem por certo que ficarão inatingíveis por mim.
Prefiro então desconhecê-las, não pelo medo de debater com elas, embora me intimidem pessoas furiosas.
Só que apareceu nessa inana um tipo nojento, o dos que se especializaram em contrariar colunistas, só para contrariar, revelando despreparo, violência verbal, ímpeto destrutivo. A esses, só a esses, convido-os para discutirem pessoalmente e fisicamente presentes comigo, numa boa, cordialmente, embora, pelo ímpeto irracional que as move, eu adiante, primeiro, que não se atreveriam a discutir comigo e, segundo, que não teriam coragem de discutir comigo. Porque seriam irremediavelmente batidas pelo meu racionalismo e pelo irracionalismo delas, a julgar pelas mensagens infundadas que me mandam.
* * *
E, agora, o caso outro dos médicos cubanos que foram ofendidos, maltratados, humilhados ao chegarem aos aeroportos brasileiros para virem trabalhar em nosso país dentro do programa Mais Médicos.
Que culpa têm esses médicos cubanos de terem sido designados pelo governo cubano para virem tratar dos doentes brasileiros em lugares muitas vezes longínquos e quase inacessíveis?
A maioria desses desclassificados que foram aos aeroportos para ofender os médicos cubanos gostaria de empunhar - mas não tem coragem - cartazes que dissessem Menos Médicos.
* * *
Vejam bem que esses médicos cubanos que vieram para o Brasil foram designados por dois governos instalados, o brasileiro e o cubano. Não estão aqui se aventurando, vieram trabalhar.
Calcula-se na imprensa que 90% do que cada médico cubano virá ganhar no Brasil serão apreendidos pelo governo cubano.
E eu então calculo que os médicos cubanos que estão chegando ao Brasil e estão recebendo desaforos desses desclassificados que vão ofendê-los nos aeroportos brasileiros, à sua chegada, estão sendo maltratados em troca de apenas 10% do que teriam de dignamente receberem por seu trabalho.
É muito pouco.
Ganhar tão pouco para ser ofendido no aeroporto por esses covardes espíritos de corpo e de porco é muito pouco.
Eu protesto pelos míseros 10%!
E quero dizer finalmente que os bravos e competentes médicos brasileiros que mourejam no serviço de saúde e nos consultórios nada têm a ver com essas agressões sórdidas.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "Espíritos de porco"
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: