Professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas, o médico legista George Sanguinetti usou sua página no Facebook para contestar a versão de que Marcelo Pesseghini teria se suicidado após matar a família. Famoso por atuar em casos rumorosos, como o da morte de PC Farias, Isabella Nardoni e Eliza Samúdio, concedeu entrevista a Zero Hora e afirmou ter certeza de que o adolescente não se matou.
Saiba mais:
Zero Hora - Por que o senhor afirma que Marcelo Pesseghini não se suicidou?
George Sanguinetti - A posição do corpo é incompatível com a hipótese de que ele tenha atirado em si mesmo. A configuração dos braços e o jeito como o corpo caiu não são encontrados em casos de suicídio. Ele não foi o autor do tiro, com certeza. Outros detalhes chamam a atenção. O menino toca só levemente na arma, enquanto nos suicídios a arma fica fixa na mão. Além disso, a mão esquerda - e o menino é canhoto - apresenta uma ferida recente no pulso, que não foi explicada. Na palma da mão, há evidência de que ele antepôs alguma defesa, de que tentou uma reação. Não tenho dúvida de que a cena foi montada. Ela não é natural. Houve manuseio do corpo. Tenho mais de 40 anos de medicina legal e posso dizer, com firmeza, que não foi o menino quem atirou. Se não tivesse certeza, não afirmaria isso. Fiz simulações do fato e, em nenhuma hipótese, o corpo fica daquele jeito.
ZH - E quanto às outras vítimas?
Sanguinetti - A posição da mãe é a de uma pessoa que estava em submissão para execução. Se estivesse em outra posição, não teria caído como caiu, com 85% do peso fora do colchão, ajoelhada. Em todas as mortes, os tiros foram de profissionais. O menino não seria capaz daquilo, mesmo que soubesse atirar.
ZH - O que o senhor espera dos laudos periciais?
Sanguinetti - Estou na expectativa, porque podem ser muito reveladores, especialmente o que diz respeito à trajetória das balas no crânio, que vai permitir saber onde estava o autor dos disparos e se quem atirou é destro ou canhoto (Marcelo, acusado da autoria dos crimes, era canhoto). A posição em que a avó foi morta, por exemplo, é muito difícil de executar por alguém canhoto.