Em Rivera, cidade fronteiriça com Santana do Livramento, as opiniões sobre a legalização da maconha também se dividem - assim como a votação apertada, de 50 deputados a favor e 46 contra - que garantiu a ida da proposta para o Senado. Alguns moradores acreditam ser um avanço, outros veem como retrocesso. Em ambos os lados, nota-se falta de informação sobre os detalhes do projeto.
Já do lado brasileiro, a sensação é de medo. O temor dos que são contra a medida é que a cidade, que hoje vive do turismo de compras e freeshops, se transforme em um centro de turismo de drogas:
- Falaram que vão liberar, mas não informaram como vai ser isso. Sai só alguma coisa rápida nos jornais, na TV, nas rádios locais, mas acho que não tem um debate forte pela comunidade. Acho que não estamos preparados. Sou contra qualquer tipo de droga. Só destrói o ser humano - critica o fiscal de trânsito uruguaio, Marcelo Alves, 41 anos, que prevê mais mortes ao volante em razão do uso da droga.
Representantes de seis farmácias consultadas preferiram não comentar o assunto:
- Ainda não sabemos como será feito o processo. Então, é melhor não emitir opinião - disse o funcionário de um dos estabelecimentos, que preferiu não se identificar.
Medida pode incentivar consumo, diz professora
A vendedora ambulante Cleusa Gomes, 44 anos, acredita que a proposta de legalização da maconha pode salvar muitos usuários da insegurança a que se submetem atualmente para conseguir a droga de maneira ilegal.
- Acho que tem que liberar. É hipocrisia e alimenta o tráfico de drogas negar isso - afirma.
Como o governo tem ampla maioria no Senado, é provável que o projeto seja aprovado. Do lado brasileiro, na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Livramento, onde cerca de 5% dos 600 alunos são uruguaios, a vice-diretora Rosilene Dalmolin teme que a aprovação seja um incentivo para o consumo.
- Apesar de os nossos alunos em geral não se envolverem com drogas, temos medo. Por isso, estamos fazendo sempre projetos e palestras antidrogas, alertando para os malefícios. É uma questão que temos que estudar sempre na escola. Agora, ainda mais.
Legalização da maconha
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