Em cima da água do Arroio Pelotas, encostada em uma das margens, foi construída uma estrada de mais de um quilômetro de areia, pó de brita e pedras de granito. O caminho foi traçado por uma empresa que tem licença para explorar areia no local e serviria para transportar máquinas até onde o material seria retirado. Porém a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) paralisou os trabalhos, pois a estrada não poderia ter sido construída.
- Essa é uma área de preservação permanente. A empresa tem licença para extrair areia, mas deveria fazer isso com uma máquina em cima de uma embarcação. Construir uma estrada é completamente irregular, pois altera o curso de velocidade do rio e seca a mata que se alimentava do leito do rio, o que pode ocasionar desmoronamento - explica o chefe da divisão de mineração da Fepam, Renato João Zucchetti.
Segundo o proprietário da empresa, a Mineradora J.A. Silveira, Jaime Arthur da Silveira, desde 1979 ele opera desta forma, "porque o rio não é navegável", justifica-se. A Fepam não soube informar por que o problema não foi detectado anteriormente ou desde quando a pista está em funcionamento:
- Fizemos uma vistoria de rotina na quarta-feira, quando determinamos que parassem as atividades. Hoje (segunda-feira), viemos conferir se a determinação foi cumprida e encontramos as máquinas sob a pista. Agora, com relação a outras vistorias da Fepam, não sei te informar, pois assumi há quinze dias- esquiva-se Zucchetti.
A mineradora, que fica no distrito de Monte Bonito, em Pelotas, terá que apresentar um plano de recuperação da área degradada para voltar a operar. O dono do local, Silveira, assinou um termo circunstanciado e terá que pagar uma multa com valor ainda a definir. Segundo ele, a produção da JA Silveira responde por cerca de 20% da areia utilizada na construção civil de Pelotas. De acordo com a licença de exploração, a mineradora tem direito a explorar 19 hectares, sem limitação de capacidade por mês.